Quem é Deus para Marx?

Autor: Ademilson Marques de Oliveira
Quem é Deus para Marx?
Marx entende que a essência humana não constitui uma realidade. Ele afirmava: que a miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o íntimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. É o ópio do povo.
Para ele a crítica da religião de Feuerbach permite ao homem reconquistar a razão, afim de que ele gire em torno de si mesmo e não mais de um Deus que não existe, mas de seu verdadeiro sol.
Para Marx, a miséria real não é a que decorre da perda de uma essência projeta num Deus que não existe. Para ele, de fato, Deus não existe, e a religião não decorre disso, mas das condições materiais de produção da história, que geram um mundo invertido que valoriza as coisas e desvaloriza as pessoas. A religião é parte dessa visão invertida do mundo, mas apenas como consequência. Ela é uma ideologia que legitima a ordem capitalista ao entorpecer a consciência revolucionária da classe operária.
Erich Fromm escreveu um livro sobre a concepção de homem em Marx e o psicanalista procurava mostrar como a filosofia marxista era extremamente humanista e preocupada com o futuro do homem. Assim, o processo de objetivação e coisificação tornaram-se parte da grande alienação que é o capitalismo, que fala das coisas e mercadorias como se tivessem um fim em si mesmos, escravizando os homens. No capitalismo, os homens vivem para as mercadorias, quando o certo é que elas existissem para fins humanos. A religião é uma inversão porque ela aliena o homem de sua miséria e lhe promete um reino de felicidade e paz no além.
No entanto, o projeto soteriológico, pelo menos no cristianismo, que é o que eu conheço, não começa com a morte, mas na nossa vida. Tanto a filosofia quanto a religião cristãs funcionam como mecanismos que nos ajudam a vencer a fugacidade e o caráter vãos do mundo. Assim, elas fornecem um dispositivo prático de melhoria de nossa própria vida. E é fato, podem me criticar, mas são dados estatísticos:
Quem tem fé vive mais e melhor. Assim como quem tem vida comunitária, seja na família ou em algum tipo de fraternidade. Se a religião for uma mentira, é dessas ilusões que tornam a vida possível.

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