Relação entre o conceito de representações, segundo Roger Chartier e as descontinuidades na visão de Foucault

 Autor: Ademilson Marques de Oliveira

Sabemos que para entendermos a história precisamos considerar o espírito da época. Nesta pegada, entende-se que a importância do conceito da representação se dá devido ter ganhado espaço juntamente com os conceitos de mito, imaginário, memória, etc.

Portanto, significamos o conceito de representação de duas formas:

1º - a representação apresenta uma caixa ausente (o que se representa é diferente daquilo que é representado);

2º - a representação como exposição de uma presença.

Chartier fala que a representação deve ser compreendida como: ... “o produto do resultado de uma prática. Então, um fato nunca é fato. Seja qual for o discurso ou meio, o que temos é a representação do fato...” (Makowiecky, 2003, p.4).

Nos atos e fatos históricos e atuais que revelam os costumes, cultura, crença, mitos e verdades são de fatos representações de um discurso de época, ou seja, de cada momento histórico. Eles podem ser interpretados de diversas formas, considerando o contexto e a subjetividade dos sujeitos que os interpretam, por mais este motivo é tão importante o conceito de representação para entendermos uma sociedade no tempo.


Portanto, a difusão cultural exige um julgamento da relação entre três polos: o texto, o objeto que o comunica e a recepção. “As variações dessa relação triangular produzem, com efeito, mudanças de significado”, (Chartier, 2001, p.221).

Já as descontinuidades são importantes para entendermos a história, pois não há verdade absoluta. O conhecimento não é estático, mas sim, dinâmico. De vez enquanto, deparamos com quebras de paradigmas. Portanto, em cada momento histórico temos uma representação para algo que julgamos como verdade ou falso.

Para Foucault, a episteme são tendências particulares de um período histórico. Para o Filósofo, se um discurso é produzido historicamente, de acordo com a episteme da época de sua produção, não é possível procurar pelas continuidades, pelas permanências históricas. É necessário estimular a procura pelas descontinuidades, pelo que é disperso. 

Para Foucault “não há uma natureza do conhecimento, uma essência do conhecimento, condições universais para o conhecimento, mas que o conhecimento é, cada vez, o resultado histórico...” (FOUCAULT, 2005, p.24).

Portanto, o sujeito fica articulado no contexto histórico e político. Não existe o sujeito, mas as formas históricas da constituição, ou melhor, dizendo, não existe o sujeito, mas as formas de sujeição. O sujeito aparece como o efeito do poder. Não existe o sujeito constitutivo, talvez, seja o recado da indagação proposta.

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