Os Atos Falhos, segundo Freud


Autor: Ademilson Marques de Oliveira
professorfilosofoademilson@gmail.com


Resumo: De acordo a visão psicanalítica da Coisa, que significa aquilo que está ligado ao inconsciente. Por outro lado, a representação da coisa, em letra minúscula, cujo significado é as questões filosóficas, tais como, questões de: ética, prudência e virtude. Desta forma, pretende-se fazer uma reflexão sobre a Coisa freudiana, destacando os atos falhos, na vida cotidiana e suas causas, bem como diferenciá-los de possíveis sintomas semelhantes, que poderão ser ocasionados por algum tipo de lesão em alguma estrutura neurológica. Portanto, conclui-se que nem todos os atos falhos são trairagem do inconsciente, e que há outras possibilidades geradoras de lapso de memória, ou seja, de esquecimento.

Palavras Chaves: Atos Falhos; Freud; Psicanálise; Vida Cotidiana.

Introdução:
Ao estudarmos parte do inconsciente, na visão freudiana, percebemos a importância de buscarmos entender a diferença da Coisa em maiúsculo, da coisa em minúsculo. De um lado, é apresentada a visão psicanalítica; Do outro, a filosófica.
Posteriormente refletiremos sobre as possibilidades de sintomas de atos falhos. Para isso, exemplos da vida cotidiana serão apresentados. Além, de discutirmos as três de expressão do inconsciente, na visão de Freud.
Para este trabalho é proposto a seguinte questão problema: O que pode gerar atos falhos na vida do sujeito no dia-a-dia?
O objetivo desse trabalho é buscar identificar se há outras possibilidades que podem gerar sintomas parecidos com os atos falhos, devido resultados de um processo inconsciente suprimido.
Para este trabalho optou-se por uma metodologia de pesquisa bibliográfica, com base em livros, artigos e sites científico de pesquisa, voltado para área de Psicanálise.
Este trabalho é de relevância para quem quer entender os aspectos da vida cotidiana de Freud, em relação aos atos falhos.

Discussão e Resultados:
Diante de tanta complexidade no universo da Psicanálise, em busca de conhecimentos sobre nossas subjetividades, o nosso ser, deparamos com diversos termos e conceitos: talvez, simples; talvez, não... Mas que merecem bastante atenção. Por exemplo: qual a diferença entre coisa e Coisa? Será por que uma é escrita em minúsculo e a outra em maiúsculo?
A Coisa, ou seja, em maiúsculo está ligada ao conceito freudiano, para se referir ao inconsciente. Por outro lado, a coisa, em minúsculo representa a questões filosóficas, como exemplos: a prudência e a virtude.
Para Freud, a Coisa ligada ao inconsciente está presente no comportamento do sujeito, sem que o mesmo o perceba. Assim, a Coisa é parte estranha. Já, as representações são os modos de relembrar, reconhecer, tornar familiar aquilo que se perdeu.
Assim, visando ilustrar a ideia freudiana sobre a Coisa, voltaremos nossa interpretação os atos da vida cotidiana, atos falhos.
Desta forma, citaremos uma situação, onde o Sujeito, por diversas vezes foi percebido falando sozinho. Será que o comportamento de falar sozinho é uma representação consciente? Penso que não! Pois, parece ser algo estranho e, que foge do que é considerado normal no dia-a-dia, considerando se este comportamento for involuntário.
Outro fato importante, relacionado à Coisa Freudiana são os atos falhos. Eles aparecem muitas vezes como pequenos lapsos, esquecimentos de datas, coisas, horários e etc. Para Freud, os atos falhos são resultados de um processo inconsciente suprimido e que sua causa pode ser descoberta.
Na visão psicanalítica, entender os atos falhos é muito importante, pois nos permite identificar o que o sujeito está ocultando ou omitindo. É neste aspecto que percebemos que o sujeito é traído pelo seu inconsciente. Ele atrapalha o sujeito esconder suas verdadeiras intenções. 
Mas afinal, será que os atos falhos são simplesmente desvio de caráter? Penso que não. Talvez, possa ocorrer em decorrência de forte preocupação, ou pressão psicológica. Por exemplo: Uma mãe está com o filho em péssimas condições de saúde, e precisa levá-lo a um hospital com urgência, e ela se esquece de pegar os documentos ou o dinheiro para custear as obrigações. Isso, neste caso, não significa que ela deseja esconder alguma coisa, ou esqueceu o dinheiro por que não quer pagas as despesas, mas, sim, certamente esta ocorrência se deu devido à preocupação com o estado de saúde do filho.
É importante ressaltar também, que há deficiência como a agnosia, que poderá prejudicar o sujeito a reconhecer pessoas, inclusive familiares, bem como objetos conhecidos, o que, talvez, poderá ser confundido, ou interpretado como atos falhos. Isso acontece quando uma região do cérebro chamada de lobos occipitais é lesionada. Certamente, aqui também não consideraremos uma trairagem do inconsciente revelando coisas que o sujeito desejaria deixar oculto.
Para Freud, o inconsciente se expressa de três formas: sonhos, sintomas psicopatológicos e no cotidiano. Neste último é onde se identificam os atos falhos. Talvez, eles podem ser considerados um meio de realização dos desejos do inconsciente e do consciente em conjunto.
Freud entendia que esses eventos do cotidiano, tão comum, os atos falhos, são expressão do inconsciente. No entendimento do fundador da psicanálise, eles são formas de realização de um desejo negado, ou seja, aquilo que foi impedindo conscientemente foi manifestado de forma inconsciente.

Considerações finais:
Conclui-se através do estudo realizado para confecção deste trabalho que há outras hipóteses que podem desencadear sintomas, como pequenos lapsos, esquecimentos de datas, coisas, horários e etc.
Porém, para Freud, os atos falhos são resultados de um processo inconsciente suprimido, e que sua causa pode ser descoberta. Entretanto, eles podem ser analisados pelo psicanalista, se for relacionado a questões passionais, neuroses, ou seja, emocionais. Geralmente eles estão presentes no comportamento do sujeito, sem que o próprio o perceba.
Entretanto, salienta-se que o profissional deve se orientar, baseado na ética da psicanálise. No livro: A Ética na Psicanálise (2017), o professor, Daniel Omar Peres, fala orienta com deve entender a ética:
 Ela é entendida como conjunto de prescrições ou determinação de estilo, não há ideal, não há exemplo a ser seguido, não há certeza de que aquilo que o sujeito estiver fazendo é a coisa certa a se fazer. Já não há nem a possibilidade de colocar semelhante questão porque, fazendo eco de Lacan, podemos dizer que não há garantia no Outro.
Será qual é o objetivo da Psicanálise? Talvez, seja o de  ajudar o sujeito a se relacionar melhor consigo mesmo, com o outro, com a natureza e com o mundo, visando possibilitar aos pacientes uma alto reflexão sobre si mesmo, e encontrar caminhos de viver melhor.


Referencias bibliográficas:
BOCCA, Francisco Verardi. Paixões e Psicanálise: Dimensões Modernas da Natureza Humana. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017.
PERES, Daniel Omar. A Ética da Psicanálise. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017.
http://luzzianesoprani.com.br/site/os-atos-falhos/

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