Autor: Ademilson Marques de
Oliveira
professorfilosofoademilson@gmail.com
A ética na psicanálise é
entendida como experiência de análise e não como conjunto de prescrições, ou
determinação de estilos, não há ideal, não há exemplo a ser seguido, não há
certeza de que aquilo que o sujeito estiver fazendo é a coisa certa a se fazer.
Já não há nem a possibilidade de colocar semelhante questão porque, fazendo eco
de Lacan, podemos dizer que não há garantia no Outro. Vale ressaltar que, a
experiência no trabalho analítico “consiste em confrontar o sujeito do sintoma
com o impossível do gozo”(Braunstein, 2017, 290).
Segundo o texto, do professor Peres, a
ética filosófica está voltada para características de virtude, prudência, dever
e felicidade. Já a Psicanálise está mais ligada ao prazer, ou seja, a ética do desejo.
Será que o homem vive em busca do prazer? Penso que sim. Na condição de sujeito
sexuado, o principio do prazer é o que norteia a conduta humana. Cottet, em
1999, p.152, diz o seguinte:
“A psicanálise não poderia preconizar nenhum
“gozo sem limites, como temos visto, pois é preciso a limitação do prazer, o
que permite ao sujeito aceder ao gozo. Mas que sua renúncia ao gozo desencadeie
o exercício de uma crueldade contra si próprio, eis justamente o paradoxo que
Freud, e depois Lacan, levaram em consideração para justificar a busca de uma
ética do desejo”.
Por outro lado, na imensa dimensão do
estudo das humanidades, entre os diversos temas de alta complexidade, discutido
e refletido na Filosofia e na Psicanálise, como o caso da: Coisa e a coisa. A Coisa,
ou seja, em maiúsculo está ligada ao conceito freudiano, para se referir ao
inconsciente. Por outro lado, a coisa, em minúsculo representa a questões
filosóficas, como exemplos: a prudência e a virtude.
Para
Freud, a Coisa ligada ao inconsciente está presente no comportamento do
sujeito, sem que o mesmo o perceba. Assim, a Coisa é parte estranha. Já, as
representações são os modos de relembrar, reconhecer, tornar familiar aquilo
que se perdeu.
Na psicanálise é bom ter a clareza
que, o sujeito do desejo enquanto ser sexuado demanda um erotismo na
experiência ética, no sentido de ter que se haver com as suas zonas erógenas.
Isso acontece por meio da imaginação e da articulação simbólica, através da
elaboração de uma fantasia. Ressalta-se que, a fantasia sádica nos apresenta
claramente uma relação com o objeto do desejo em que o prazer pode ser
realizado de todos os modos possíveis e impossíveis sem que o objeto perca sua
beleza.
Para a Psicanálise, o sujeito sustenta
seu desejo através da rearticulação significante no simbólico e no imaginário,
por meio do mecanismo da sublimação. Para Lacan, a sublimação não faz
desaparecer o objeto sexual.
Por outro lado, Freud em conformidade
com Lacan, entende que a sublimação é pautada pela possibilidade de substituir
o objeto da pulsão, que a rigor não tem objeto e, portanto, não está
necessariamente fixada a nenhum em particular.
Porém, em relação à ética da
psicanálise, enquanto experiência de análise, não há exemplos a ser seguido,
não existe certeza de que aquilo que o sujeito estiver fazendo é realmente a
coisa correta a ser feita. Portanto, Lacan, garante que não há garantia no
Outro.
Fonte:
PERES, Daniel Omar. A Ética da
Psicanálise. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017.
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