Análise do filme "Esse obscuro objeto do desejo", na visão psicanalítica
Autor: Ademilson Marques de Oliveira
Ao viajarmos no universo
das reflexões, analisando o filme: “Esse obscuro objeto do desejo”, levantam-se
alguns questionamentos, visando perceber como a arte se relaciona na
sistematização do pensamento, por meio das seguintes indagações. O desejo é
desejo nada? O desejo não encontra jamais uma satisfação na consumação do
objeto? Qual o sentido do desejo com “paixão da perda”? Desejar é querer se
perder com ser humano?
Não há dúvidas de que,
Buñuel nos presenteou com um belo filme, onde é proposto um envolvimento com um
movimento surrealista. Neste contexto, percebe-se o surgimento de uma forma
nova de perceber o mundo, através dos artistas da época. Era um grupo de
profissionais que transcendia a arte, que utilizavam a liberdade de expressão,
se mergulhando no planeta dos sonhos, sem se preocupar com uso da razão e da
lógica.
Em uma linguagem
psicanalítica, para Freud, os sonhos são manifestações dos desejos reprimidos,
que se encontram no inconsciente, de igual forma, os atos falhos, os lapsos,
etc. Mas será como que este desejo se realiza? Talvez, nos sonhos somos
surpreendidos por eles, que sem pedir licença, se satisfaz à custa do próprio
eu.
No filme depara-se com
os personagens Mathieu e Conchita. O
primeiro é um homem, burguês, de meia idade e solitário; O segundo é uma jovem,
virgem, meiga, insolente, de apenas 18 anos. O homem apaixona desesperadamente
pela donzela. Assim, entendemos que há uma excelente retratação do desejo, mas
que tipo de desejo será este? Aparentemente, parece ser o desejo de ato sexual
pelo Mathieu, em decorrência da brincadeira com o jogo erótico, de pura
sedução. Entretanto, Conchita não disponibiliza na totalidade o objeto
desejado, apenas parte de seu corpo para que ele goze. Dessa forma, talvez, há
uma tentativa de sustentação do desejo e do amor, em detrimento de ser somente
um objeto de gozo.
Na visão de Freud e
Lacan, o desejo tem característica de um pesar. Ele não encontra jamais uma
satisfação possível na consumação do objeto. Portanto, o desejo é sempre desejo
de algo, ou seja, aquilo que falta.
Assim sendo, ao possuir
o objeto desejado, é possível que esta busca seja cessada, pois o desejo só
perdura por não atingir seu alvo.
Talvez, por isso, a
personagem Conchita, no filme, não quis atender a demanda de Mathieu, tendo em
vista o objetivo de nutrir um sentimento de amor.
Neste caso, o amor é um
tesouro, onde o desejo é condição para tal. Em resumo, desejar é se encontrar
como ser humano!
Porém, para Thana Mara
de Souza e Cláudia Murta, “a paixão do desejo enquanto desejo de ser leva a um
se perder, um efeito de aniquilação subjetiva”.
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