DESEJO NA VISÃO DE SARTRE E LACAN
Autor: Ademilson Marques de Oliveira
RESUMO
Com base nos
teóricos, Sartre e Lacan pretende-se apresentar uma reflexão sobre o desejo,
fazendo uma relação com os pressupostos filosófico e psicanalítico. Assim, o
tema do nosso trabalho é, “O desejo em Sartre e em Lacan.” O nosso objetivo principal é provocar desejos nos leitores
de pensar sobre os seguintes questionamentos: O desejo, é desejo do nada? O desejo não encontra
jamais uma satisfação na consumação do objeto? Qual o sentido do desejo com
“paixão da perda”? Desejar é querer se perder como ser humano? O método
utilizado é o levantamento bibliográfico. Após a leitura foi feito fichamento,
e posteriormente o texto foi construído. Conclui-se com este estudo que o
desejo é o que nos movem, em busca do prazer, ou seja, do gozo.
Palavras chaves: Desejo;
Lacan; Sartre; Filosofia; Psicanálise.
Discussão e Reflexão:
Tratar
o tema, “desejo”, não é tarefa fácil, mas é desafiadora e instigante. Será
quais são os ensinamentos de Sartre e Lacan sobre este assunto, em relação à
Filosofia e Psicanálise?
Para
Sartre, não há nada pré definido de como deve ser a vida do homem, não há um
livro pronto, mas em constante construção. Então, será o que o move o homem ao
escrever seu livro? Talvez, seja a busca do prazer da realização dos desejos.
Para Sartre, nada pode esmagar o homem, nada lhe vem de fora, ou de
dentro, que deva simplesmente aceitar ou receber. O homem não tem uma natureza
que deva necessariamente seguir. O homem não é um ser, mas um fazer e a sua
única condenação é a de ter de se fazer até os seus últimos detalhes. Sartre explica que entendemos por existencialismo uma
doutrina que torna a vida humana possível e que toda a verdade e ação
implicam um meio e uma subjetividade humana.
Vale
ressaltar que, nesta reflexão, vale uma indagação, visando sistematizar o
pensamento. Como que Sartre compreende o desejo, segundo Cláudia Murta e Thana Mara de Souza? Na obra: “O desejo
nos pensamentos de Sartre e Lacan” (2017), elas dizem que,
Como
uma estrutura do ser Para-si, é ser estruturalmente falta. Se não existe
essência, se nós somos aquilo que fazemos de nós mesmos, o que sempre buscamos
é a nós, é nossa unidade, nossa completude e totalidade, o que só seria
atingível com nossa morte, quando deixamos de ser existência. Assim, o desejo é
inevitável e sempre insatisfeito.
Uma das consequências da aceitação do existencialismo é a
liberdade extrema do homem: "tudo
é permitido". Retomando a proposição de Dostoievski, ("Se Deus
não existisse tudo seria permitido") Sartre, no discurso “O
Existencialismo é um Humanismo”, retoma a questão central do existencialismo:
Deus não existe, logo "o
homem está condenado a ser livre" (Sartre, 1970, pag 7).
A
consciência é um constante transcender-se, um constante ir além de si
mesmo, esta é a principal contribuição de conceito que a
fenomenologia faz ao existencialismo sartreano. Este constante
transcender-se é que é definido como sujeito e a realidade humana.: nós somos
aquilo que projetamos a ser. Pode-se perguntar quem projeta? Quem deseja ser? A
consciência não é uma coisa, é puro movimento e neste movimento que se articula
a liberdade. O conceito de liberdade é o mais caro ao existencialismo
sartreano. Este constante transcender-se, este constante projetar-se, este
constante inventar-se é a liberdade. A liberdade não é um atributo do sujeito,
que não pode ter ou deixar de ter a liberdade, o sujeito é a liberdade e não
pode deixar de sê-lo. Ele é livre para qualquer opção, menos para não optar.
Daí a célebre frase de Sartre: “O homem está condenado a ser livre”.
O
homem está sempre num universo humano e por isso nunca é fechado em si mesmo.
Ele cria a própria moral, pois não há moral pronta a ser seguida. Ele é o
legislador (cria a imagem de homem como julga que deve ser). Escolhendo, o
homem afirma o valor que escolheu. Isso envolve toda humanidade, ele escolhe a
si e toda humanidade. Sua responsabilidade é grande.
A
respeito da responsabilidade em Sartre é importante lembrar que o
homem é livre, porém esta liberdade trás consigo a responsabilidade, e a
responsabilidade a angústia, pois a escolha que o homem faz, é plenamente
livre, mas ao escolher para mim, também escolho para o mundo, e, não sou o
responsável por minha existência, mas sou responsável por minha constituição, e
que por mais que eu me constitua, necessito do outro para compreender o que sou
como também sou responsável pela identificação que outro terá através de
mim.
Por outro lado, Lacan,
garante que o desejo tem característica de um pesar. Ele não encontra jamais uma
satisfação possível na consumação do objeto. Portanto, o desejo é sempre desejo
de algo, ou seja, aquilo que falta.
Assim sendo, ao possuir
o objeto desejado, é possível que esta busca seja cessada, pois o desejo só
perdura por não atingir seu alvo.
Lacan importa de Sartre
o traço que se aproxima a estrutura do desejo a uma paixão de perda. O próprio
Lacan lança a ideia do sujeito do inconsciente.
A
diferença do estatuto que dá ao sujeito a dimensão descoberta pelo inconsciente
freudiano se prende ao desejo que tem que ser situado no nível do cogito. Tudo
que anima, o de que fala toda enunciação, é desejo. (LACAN, 2008 [1968], p.140)
O desejo é desejo nada?
O desejo não encontra jamais uma satisfação na consumação do objeto? Qual o
sentido do desejo com “paixão da perda”? Desejar é querer se perder com ser
humano?
Imaginamos que o desejo
se dá em relação aquilo que não se tem, ou seja, aquilo que falta. Talvez, ao
possuir o objeto desejado, é possível que esta busca seja cessada, pois o
desejo só perdura por não atingir seu alvo. Em resumo, desejar é se encontrar
como ser humano!
Porém, para Cláudia
Murta e Thana Mara de Souza (2017), “a paixão do desejo enquanto desejo de ser
leva a um se perder, um efeito de aniquilação subjetiva”.
Entretanto, o desejo é o
que nos movem, em busca do prazer, ou seja, do gozo.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
SARTRE,
Jean-Paul. O Existencialismo é um
Humanismo. Trad. GUEDES, Rita Correia. Paris: Les Éditions, 1970.
LACAN,
Jacques. O Seminário: livro 20: Mais,
ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985.
MURTA,
Cláudia; SOUZA, Thana Mara de. O desejo
nos pensamentos de Sartre e Lacan. Vitória: Universidade Federal do
Espírito Santo - UFES, Secretaria de Ensino a Distância, 2017. Disponível no
ambiente virtual de aprendizagem – Plataforma Moodle. Acesso em 28/06/2018.
Comentários
Postar um comentário