domingo, 8 de abril de 2018

Artigo: Uma Relação entre Ética e Psicanálise


Autor: Ademilson Marques de Oliveira



Resumo: Pretende-se fazer discutir e refletir sobre variados ideias filosóficas, da antiguidade a contemporaneidade. Para este estudo buscaremos fazer uma relação entre as éticas: filosófica e psicanalítica. Disponibilizaremos exemplos para ilustrar os conceitos, bem como faremos comentários, visando possibilitar a melhor compreensão possível ao leitor. Conclui-se que, á ética da psicanálise, busca colaborar nas relações entre analistas e analisados, mecanismos que possibilitam aos sujeitos, condições de relacionarem melhor consigo mesmo, com a natureza e com o mundo. Por outro lado, a ética filosófica, visa nortear os sujeitos, rumo a um “padrão social desejado”, em relação à cultura que está inserido, em razão de um bem comum.

Palavras chaves: Ética; Filosofia; Psicanálise; Análise.

Introdução:

A partir de uma análise reflexiva das concepções éticas, dialogando com diversos períodos históricos, da antiguidade a contemporaneidade, propõe-se a desenvolver uma pesquisa, onde buscaremos fazer uma relação entre Psicanálise e Ética.

A metodologia utilizada para este trabalho é a documental, onde foi realizado um levantamento bibliográfico de referências pertinente ao tema.

Trabalhemos com fontes secundarias como: sites, revistas, teses e dissertações. Para realização do trabalho foi feito fichamento de diversos textos. Finalmente foi construído o ensaio.

O nosso objetivo é provocar perturbação ao leitor, visando facilitar a emancipação do pensamento. Para isso, faremos algumas provocações: Existe verdade, verdadeira, do ponto de vista racional e filosófico? É possível questionar as verdades éticas? E para a ética na psicanálise, existe um modelo ideal, um exemplo a ser seguido? Há diferença entre a ética filosófica da psicanalítica? Qual a finalidade da psicanálise?

Discussão/Reflexão:

Alguns estudiosos entendem que a Psicanálise é bem mais que uma teoria de conceitos, ela é uma experiência onde é proposto um novo saber, diferente, e talvez, contra a tradição da ciência e da metafísica.

É importante ter em mente, que falar de ética é sempre muito prazeroso, pois é um tema que sempre inquietou o homem. Assim, na busca do prazer, provoca-se as seguintes indagações: Quais os pressupostos da ética filosófica em relação à ética psicanalítica?

Em referencia às questões éticas, a estudiosa, Cláudia Maria Bonifácio (2009), dessa forma responde:

A questão ética surge, portanto, no momento em que é feito um apelo a iniciativa do homem, pressuposto que sua ação não é condicionada pelo curso natural das coisas. Importa, pois, determinarmos o lugar da ética na atividade do homem. A dimensão ética da ação inscreve-se na temporalidade própria do existir: capacidade de iniciativa para forjar, por si mesmo, seu ser futuro: poder de agir, decisão fundada na deliberação.

A exigência ética implicada na ação é, precisamente, a determinação da vontade na realização daquilo que a existência contém em si enquanto ainda não realizado.

Segundo a historiografia, Sócrates deu um grande exemplo de ser ético, ao ser preso, acusado de corromper os jovens, teve oportunidade de fugir, mas não quis, pois, acreditava que esta ação infligiria sua consciência. 

Também, nesta esteira temos que considerar a ideia platônica, pois, Platão, através da reflexão sobre o mundo ideal em relação ao mundo real, ele apresenta uma proposta ética. Cláudia Maria Bonifácio (2009), fala o seguinte:

Platão foi o primeiro a enfrentar filosoficamente, isto é, compor um rigor de método e profundidade de reflexão, a questão do bem. A interrogação platônica visará a questão do “bem em si mesmo” e de como este “bem” se apresenta com bem-para-nós, ou seja, como bem na vida humana.

 Portanto, a ideia de bem, neste caso, é composta de três propriedades constitutivas: a proporção ou medida, a beleza e a verdade.

Já em Aristóteles, bem resumido, baseado na ética das virtudes, entende-se que as virtudes éticas do homem resultam no hábito: o que é próprio do homem é que ele é capaz de estabelecer fins que visem à justiça e, pelo exercício, de atualizar esse bem. Aristóteles é fundador da ética filosófica. Todo o esforço da ética enquanto disciplina autônoma será, a partir de Aristóteles, o de pensar, ante essa fragilidade e instabilidade que são inerentes ao ser-aí do homem, possibilidades de existência que possam pretender a uma certa constância, e, nesse sentido, pensar as práticas que merecem ser habituais, sem que se abandone, no entanto, as exigências de concretude que condicionam a vida prática do homem.

Por outro lado, na modernidade, Kant representa uma ruptura em relação a concepção prevalente do mundo antigo e medieval. A ética aristotélica apresentada como meio da felicidade (eudaimônica) e da finalidade (teleológica), onde a noção da natureza humana é determinante para atingir a excelência. Kant recusa a procura da felicidade ou qualquer outro bem como finalidade da ação humana. Sua crítica à possibilidade de conhecermos a essência (número) do mundo e das coisas determina a produção de uma ética do dever da ação humana.

Depois tivemos Hegel, foi ele que concebeu um dos sistemas éticos mais profundos da modernidade, reformulou a noção aristotélica e articulou-as aos problemas sociais e políticos que a modernidade havia posto.

Não se pode esquecer-se de Gadamer, este faz uma crítica ao formalismo kantiano, ele diz: postular a existência de valores a priori, retrocede a reflexão ética, a um tipo de rigor utópico.

Ainda, Gadamer entende que o saber prático, é um tipo de reflexão que pode iluminar sua intervenção em algum contexto. Este saber, não é, por sua vez, uma técnica, mas um saber moral.

Por outro lado, Hegel, ao tratar da substância ética, entende que o Estado tem seu direito, mas não é uma existência abstrata e sim concreta; somente esta existência concreta, e não dos múltiplos pensamentos universais que se tem por preceitos morais, pode ser princípio de sua ação e de sua conduta. Como, muitas das vezes, o assunto sobre a moralidade, à natureza do Estado e a relação com o ponto de vista moral é tratado com superficialidade, acaba tendo uma impressão errada sobre a política, sempre achando que ela se opõe à moral. 

Observando os pensamentos de Hegel sobre a consciência substancial, ele não nega propriamente o ponto de vista moral, mas apenas não concede a este a determinação do que seja o bem comum. Como bem exprimiu Robert “Hegel afirmou que o que é um bem para os homens há de estar em relação com os outros, dentro de certas instituições”. 

Substância ética é construída a partir da atividade prática daqueles que pertencem à comunidade política, e tem o dever reconhecer a liberdade e a racionalidade de cada indivíduo, ou seja, a forma de agir de cada um para manter o bem comum. Seguindo a linha hegeliano, o simples pertencer uma comunidade política não basta para assegurar a vida ética desta comunidade, apenas com a racionalidade das instituições que será requerida a justificação ética de uma sociedade. 

Em outras palavras, a razão da existência da ética que constrói uma base sólida nas instituições, do mesmo modo que ela está inserida nas reivindicações normativas que fazem o equilíbrio da relação entre direitos e deveres do poder político de um Estado. 

Para Hegel não basta que os indivíduos cumpram seu papel civil dentro dos princípios das leis, para que as exigências da racionalidade que caracterizam a vida social e política moderna sejam satisfeitas. Todo sujeito que pertence a uma comunidade política, a um Estado, age de forma livre para com suas ações, claro que a consciência de direitos e deveres interfere no seu modo de agir. Ele ainda acredita ter uma vida baseada na ética, seja na atmosfera social como política, tudo deve ser fundamentado na ideia de liberdade, e que à tradição, o sentimento cívico ou os princípios religiosos não intervêm nas ações dos indivíduos. 

Entretanto, na mesma linha de Kant, Hegel afirma que essas liberdades que todos possuem para traçar suas ações devem estar dentro da lei. Se não for assim, não será válido eticamente falando, o sujeito deve ser autoconsciente da lei e que deve se submeter, consciente do fato de que esta validade é sempre coletivamente posta e historicamente instituída.

A visada ética, defendida por Ricouer, é, em sua amplitude, a "visada da vida boa" como e pelos os outros em instituições justas. O primado da ética sobre a moral, segundo a análise de Ricouer, significa propriamente uma preponderância da visada, que compreende o aspecto reflexivo do agente ao visar o bem, o aspecto teleológico da ação, sobre a norma, a qual se liga à perspectiva deontológica.

A moral refere-se à relação do agente face à lei moral, a qual exige desde uma ação que não flutue ao sabor de suas preferências ou inclinações pessoais, mas uma ação determinada pelo respeito ao dever, ao que deve ser feito.

A ética implica, por sua vez, a capacidade do sujeito da ação de engajar uma visada, ou seja, de pretender a um fim bom. Assim pode-se dizer que a ética não é o contrário da moral. O contrário da moral é o imoral.

Ricouer sublinha, no entanto, que a dimensão da universalidade não basta para caracterizar a moralidade kantiana.

É importante perceber que a unidade constituída pela  visada ética e o campo das relações sociais é que irão tecer o horizonte da vida boa, que não é obra solitária de indivíduos isolados. Ela implica, evidentemente, a ligação do indivíduo a tradição, isto é, ao conjunto dos valores e normas coletivamente sancionadas e cristalizadas nas instituições, ou seja, a um Etchos.

Gadamer relaciona a ética à historicidade através da determinação política e social do sujeito, isto é, seu enraizamento num contexto social e político determinado, não apenas o formou tal qual ele é, mas é este quem lhe fornece o conteúdo mesmo de sua ação e é aí que ela será reconhecida como ação ética.

Porém, no caso da ética na psicanálise deve se ater em si mesmo, não no outro.  Ela está ligada a nossa história pessoal. O sujeito precisa de se autoconhecer e se compreender para guiar o seu agir no mundo. Aqui, percebe-se às ideias socráticas: “conheça-te a ti mesmo”.

Diante de várias reflexões acerca da ética filosófica, nota-se que ela está ligada à virtude, à prudência, ao dever, à felicidade e à justiça.

Por outro lado, a ética na Psicanálise, baseado nas orientações de Freud, está de certa forma conectada ao inconsciente, onde o sujeito tem certos comportamentos, sem que o próprio o perceba.

Em alguns casos, estes comportamentos são aéticos, que talvez, possa ser considerados desvio de caráter. São bastantes presentes nos atos falhos. Ás vezes nos lapsos de memória, ou até mesmo, no ato de falar sem querer, o inconsciente acaba por trair o consciente.

Neste caso, o analista tem um modelo, ou técnica, ou um método para tratar o sujeito-paciente? Não tem! Considerando que, á ética na psicanálise está voltada para a experiência da análise, e não para prescrições. Portanto, não há determinação de estilo, de ideal, de exemplos a ser seguido, de certezas de que aquilo que o sujeito estiver fazendo é coisa certa a se fazer.

Copjec, 2006, p.23, afirma que: "a Ética da Psicanálise diz respeito à relação do sujeito com suas zonas erógenas, com suas pequenas partes do ser”. Na mesma obra, na pág. 74, ele escreve: 

"a ética da psicanálise não se preocupa com o outro - como é o caso de numerosos trabalhos contemporâneos de ética - senão com o sujeito que se metamorfosea no momento em que se encontra com o real de acontecimento inesperado”. 

Portanto, para Peres, a ética da psicanálise adere o argumento de Kant, segundo o qual o progresso ético não tem nada a ver com a forma do progresso que promove a indústria moderna, ou o serviço do bem, se não que se trata de um assunto de transformação pessoal, da necessidade subjetiva de ir para além de si mesmo.

Desta forma, o professor, Daniel Omar Peres (2017), fala que:

a psicanálise se ocupa com a experiência ética onde as condutas humanas seriam determinadas pela relação do sujeito com os seus próprios desejos, onde esses desejos seriam da ordem do irrepresentável e mobilizariam o sujeito permanentemente”.


Considerações Finais:

Assim, entendemos que á ética da psicanálise, busca colaborar nas relações entre analistas e analisados, mecanismos que possibilitam condições de relacionarem melhor consigo mesmo, com a natureza e com o mundo. 

 Já em relação à Filosofia há variados tipos de éticas. Portanto, sua aplicação é importante, no sentido de nortear os sujeitos, rumo a um padrão social desejado, em relação à cultura que está inserido. Isso é visível nos diversos códigos de ética, referente aos conselhos de classes, por exemplo: Conselho de Medicina, de Fisioterapia, de Engenharias, de Advogados, de Psicologia, de Farmácia, de Enfermagem, além de outras organizações políticas e sociais.

Por outro lado, a ética na psicanálise está voltada para a experiência da análise, e não para prescrições. Portanto, não há determinação de estilo, de ideal, de exemplos a ser seguido, de certezas de que aquilo que o sujeito estiver fazendo é coisa certa a se fazer.

Referencias Bibliográficas:

ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos, 3. Ed. Tradução do grego, introdução e notas de Mario gama Kury. Brasília: UnB, 1992.

Perez, Daniel Omar. Ética da psicanálise. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Secretaria de Ensino a Distância, 2017.

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA. Apostila de Ética. Licenciatura em Filosofia. Brasília: EAD, 2007.

UFES. Curso Especialização em Filosofia e Psicanálise. 2017, Vitória. Disponível em: <http://www.especializacao.aperfeicoamento.ufes.br/course/view.php?id=296>. Acesso em: 24 de março de 2018.


Uma reflexão sobre as éticas: Filosófica e Psicanalítica


Autor: Ademilson Marques de Oliveira
professorfilosofoademilson@gmail.com


A ética na psicanálise é entendida como experiência de análise e não como conjunto de prescrições, ou determinação de estilos, não há ideal, não há exemplo a ser seguido, não há certeza de que aquilo que o sujeito estiver fazendo é a coisa certa a se fazer. Já não há nem a possibilidade de colocar semelhante questão porque, fazendo eco de Lacan, podemos dizer que não há garantia no Outro. Vale ressaltar que, a experiência no trabalho analítico “consiste em confrontar o sujeito do sintoma com o impossível do gozo”(Braunstein, 2017, 290).

Segundo o texto, do professor Peres, a ética filosófica está voltada para características de virtude, prudência, dever e felicidade. Já a Psicanálise está mais ligada ao prazer, ou seja, a ética do desejo. Será que o homem vive em busca do prazer? Penso que sim. Na condição de sujeito sexuado, o principio do prazer é o que norteia a conduta humana. Cottet, em 1999, p.152, diz o seguinte:

“A psicanálise não poderia preconizar nenhum “gozo sem limites, como temos visto, pois é preciso a limitação do prazer, o que permite ao sujeito aceder ao gozo. Mas que sua renúncia ao gozo desencadeie o exercício de uma crueldade contra si próprio, eis justamente o paradoxo que Freud, e depois Lacan, levaram em consideração para justificar a busca de uma ética do desejo”.

            Por outro lado, na imensa dimensão do estudo das humanidades, entre os diversos temas de alta complexidade, discutido e refletido na Filosofia e na Psicanálise, como o caso da: Coisa e a coisa. A Coisa, ou seja, em maiúsculo está ligada ao conceito freudiano, para se referir ao inconsciente. Por outro lado, a coisa, em minúsculo representa a questões filosóficas, como exemplos: a prudência e a virtude.

Para Freud, a Coisa ligada ao inconsciente está presente no comportamento do sujeito, sem que o mesmo o perceba. Assim, a Coisa é parte estranha. Já, as representações são os modos de relembrar, reconhecer, tornar familiar aquilo que se perdeu.

Na psicanálise é bom ter a clareza que, o sujeito do desejo enquanto ser sexuado demanda um erotismo na experiência ética, no sentido de ter que se haver com as suas zonas erógenas. Isso acontece por meio da imaginação e da articulação simbólica, através da elaboração de uma fantasia. Ressalta-se que, a fantasia sádica nos apresenta claramente uma relação com o objeto do desejo em que o prazer pode ser realizado de todos os modos possíveis e impossíveis sem que o objeto perca sua beleza.

Para a Psicanálise, o sujeito sustenta seu desejo através da rearticulação significante no simbólico e no imaginário, por meio do mecanismo da sublimação. Para Lacan, a sublimação não faz desaparecer o objeto sexual.

            Por outro lado, Freud em conformidade com Lacan, entende que a sublimação é pautada pela possibilidade de substituir o objeto da pulsão, que a rigor não tem objeto e, portanto, não está necessariamente fixada a nenhum em particular.

Porém, em relação à ética da psicanálise, enquanto experiência de análise, não há exemplos a ser seguido, não existe certeza de que aquilo que o sujeito estiver fazendo é realmente a coisa correta a ser feita. Portanto, Lacan, garante que não há garantia no Outro. 

Fonte:

PERES, Daniel Omar. A Ética da Psicanálise. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Os Atos Falhos, segundo Freud


Autor: Ademilson Marques de Oliveira
professorfilosofoademilson@gmail.com


Resumo: De acordo a visão psicanalítica da Coisa, que significa aquilo que está ligado ao inconsciente. Por outro lado, a representação da coisa, em letra minúscula, cujo significado é as questões filosóficas, tais como, questões de: ética, prudência e virtude. Desta forma, pretende-se fazer uma reflexão sobre a Coisa freudiana, destacando os atos falhos, na vida cotidiana e suas causas, bem como diferenciá-los de possíveis sintomas semelhantes, que poderão ser ocasionados por algum tipo de lesão em alguma estrutura neurológica. Portanto, conclui-se que nem todos os atos falhos são trairagem do inconsciente, e que há outras possibilidades geradoras de lapso de memória, ou seja, de esquecimento.

Palavras Chaves: Atos Falhos; Freud; Psicanálise; Vida Cotidiana.

Introdução:
Ao estudarmos parte do inconsciente, na visão freudiana, percebemos a importância de buscarmos entender a diferença da Coisa em maiúsculo, da coisa em minúsculo. De um lado, é apresentada a visão psicanalítica; Do outro, a filosófica.
Posteriormente refletiremos sobre as possibilidades de sintomas de atos falhos. Para isso, exemplos da vida cotidiana serão apresentados. Além, de discutirmos as três de expressão do inconsciente, na visão de Freud.
Para este trabalho é proposto a seguinte questão problema: O que pode gerar atos falhos na vida do sujeito no dia-a-dia?
O objetivo desse trabalho é buscar identificar se há outras possibilidades que podem gerar sintomas parecidos com os atos falhos, devido resultados de um processo inconsciente suprimido.
Para este trabalho optou-se por uma metodologia de pesquisa bibliográfica, com base em livros, artigos e sites científico de pesquisa, voltado para área de Psicanálise.
Este trabalho é de relevância para quem quer entender os aspectos da vida cotidiana de Freud, em relação aos atos falhos.

Discussão e Resultados:
Diante de tanta complexidade no universo da Psicanálise, em busca de conhecimentos sobre nossas subjetividades, o nosso ser, deparamos com diversos termos e conceitos: talvez, simples; talvez, não... Mas que merecem bastante atenção. Por exemplo: qual a diferença entre coisa e Coisa? Será por que uma é escrita em minúsculo e a outra em maiúsculo?
A Coisa, ou seja, em maiúsculo está ligada ao conceito freudiano, para se referir ao inconsciente. Por outro lado, a coisa, em minúsculo representa a questões filosóficas, como exemplos: a prudência e a virtude.
Para Freud, a Coisa ligada ao inconsciente está presente no comportamento do sujeito, sem que o mesmo o perceba. Assim, a Coisa é parte estranha. Já, as representações são os modos de relembrar, reconhecer, tornar familiar aquilo que se perdeu.
Assim, visando ilustrar a ideia freudiana sobre a Coisa, voltaremos nossa interpretação os atos da vida cotidiana, atos falhos.
Desta forma, citaremos uma situação, onde o Sujeito, por diversas vezes foi percebido falando sozinho. Será que o comportamento de falar sozinho é uma representação consciente? Penso que não! Pois, parece ser algo estranho e, que foge do que é considerado normal no dia-a-dia, considerando se este comportamento for involuntário.
Outro fato importante, relacionado à Coisa Freudiana são os atos falhos. Eles aparecem muitas vezes como pequenos lapsos, esquecimentos de datas, coisas, horários e etc. Para Freud, os atos falhos são resultados de um processo inconsciente suprimido e que sua causa pode ser descoberta.
Na visão psicanalítica, entender os atos falhos é muito importante, pois nos permite identificar o que o sujeito está ocultando ou omitindo. É neste aspecto que percebemos que o sujeito é traído pelo seu inconsciente. Ele atrapalha o sujeito esconder suas verdadeiras intenções. 
Mas afinal, será que os atos falhos são simplesmente desvio de caráter? Penso que não. Talvez, possa ocorrer em decorrência de forte preocupação, ou pressão psicológica. Por exemplo: Uma mãe está com o filho em péssimas condições de saúde, e precisa levá-lo a um hospital com urgência, e ela se esquece de pegar os documentos ou o dinheiro para custear as obrigações. Isso, neste caso, não significa que ela deseja esconder alguma coisa, ou esqueceu o dinheiro por que não quer pagas as despesas, mas, sim, certamente esta ocorrência se deu devido à preocupação com o estado de saúde do filho.
É importante ressaltar também, que há deficiência como a agnosia, que poderá prejudicar o sujeito a reconhecer pessoas, inclusive familiares, bem como objetos conhecidos, o que, talvez, poderá ser confundido, ou interpretado como atos falhos. Isso acontece quando uma região do cérebro chamada de lobos occipitais é lesionada. Certamente, aqui também não consideraremos uma trairagem do inconsciente revelando coisas que o sujeito desejaria deixar oculto.
Para Freud, o inconsciente se expressa de três formas: sonhos, sintomas psicopatológicos e no cotidiano. Neste último é onde se identificam os atos falhos. Talvez, eles podem ser considerados um meio de realização dos desejos do inconsciente e do consciente em conjunto.
Freud entendia que esses eventos do cotidiano, tão comum, os atos falhos, são expressão do inconsciente. No entendimento do fundador da psicanálise, eles são formas de realização de um desejo negado, ou seja, aquilo que foi impedindo conscientemente foi manifestado de forma inconsciente.

Considerações finais:
Conclui-se através do estudo realizado para confecção deste trabalho que há outras hipóteses que podem desencadear sintomas, como pequenos lapsos, esquecimentos de datas, coisas, horários e etc.
Porém, para Freud, os atos falhos são resultados de um processo inconsciente suprimido, e que sua causa pode ser descoberta. Entretanto, eles podem ser analisados pelo psicanalista, se for relacionado a questões passionais, neuroses, ou seja, emocionais. Geralmente eles estão presentes no comportamento do sujeito, sem que o próprio o perceba.
Entretanto, salienta-se que o profissional deve se orientar, baseado na ética da psicanálise. No livro: A Ética na Psicanálise (2017), o professor, Daniel Omar Peres, fala orienta com deve entender a ética:
 Ela é entendida como conjunto de prescrições ou determinação de estilo, não há ideal, não há exemplo a ser seguido, não há certeza de que aquilo que o sujeito estiver fazendo é a coisa certa a se fazer. Já não há nem a possibilidade de colocar semelhante questão porque, fazendo eco de Lacan, podemos dizer que não há garantia no Outro.
Será qual é o objetivo da Psicanálise? Talvez, seja o de  ajudar o sujeito a se relacionar melhor consigo mesmo, com o outro, com a natureza e com o mundo, visando possibilitar aos pacientes uma alto reflexão sobre si mesmo, e encontrar caminhos de viver melhor.


Referencias bibliográficas:
BOCCA, Francisco Verardi. Paixões e Psicanálise: Dimensões Modernas da Natureza Humana. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017.
PERES, Daniel Omar. A Ética da Psicanálise. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017.
http://luzzianesoprani.com.br/site/os-atos-falhos/

GESTÃO EDUCACIONAL: COMO OS SOFTWARES DE GESTÃO DE PESSOAS PODEM COLABORAR NO PROCESSO MEDIAÇÃO DE CONFLITOS?

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