A Filiação de Freud ao Estatuto das Ciências Naturais

 Autor: Ademilson Marques de Oliveira

Ao abordarmos as ideias do fundador da psicanálise, algumas características, ligada ao espírito da época merecem ser relembrados, considerando que Freud viveu entre os anos de 1856 a 1939.  Então, pergunta-se: qual é a origem familiar de Freud? Quais os principais eventos que aconteciam no mundo naquela época? Em que ele é formado? Quando e como surgiu a psicanálise? Como se deu a filiação de Freud ao estatuto das ciências naturais, bem como a articulação entre enfoque quantitativo e qualitativo que o aparelho neurológico demanda?

Segundo a historiografia, Freud é nascido de família judaica em Freiberg (na Morávia). Porém, sua família muda-se para Viena em busca de melhor qualidade de vida. Lá os judeus tinham melhor aceitação social. Nesta época Freud tinha apenas quatro anos. Vale destacar que diversos acontecimentos aconteciam do mundo afora, mas alguns merecem destaque, tais como: a “Primeira Guerra Mundial” e o início da “Segunda Guerra Mundial”, além da forte perseguição de Adolf Hitler, aos judeus.

Freud formou-se em Medicina em 1881, através da Universidade de Viena, e, posteriormente, especializou-se em Neurologia; Também, é considerado importante Psicólogo Austríaco. Além de lhe ser atribuído o título de criador, ou seja, o pai da Psicanálise.

Por volta do ano de 1895, Freud, juntamente com um amigo, por nome de Josef Breuer, publicaram um estudo sobre histerismo, (histerismo é um forte descontrole emocional), sustentando que o sujeito histérico, em estado hipnótico, volta à origem do trauma, iluminando aqueles pontos que geraram a doença durante sua vida e que estão ocultos em suas profundezas, percebem assim a causa do mal e, em uma espécie de cartase, se liberta do distúrbio. É assim que tem início a Teoria Psicanalítica, que depois Freud desenvolveria em escritos como Totem e tabu (1913), Para além do princípio e do prazer (1920), O Ego e o Id (1923), Casos clínicos (1924), Psicologia das massas e análise do ego (1921), Futuro de uma ilusão (1927), etc. Talvez, seja devido a essa história de vida, que possibilitou a filiação de Freud, ao estatuto das Ciências Naturais.

Portanto, Freud apresentou um projeto, onde se buscava apresentar os processos psíquicos como estados quantitativamente determinados de partes materiais capazes de serem especificados.

Dessa forma, Freud admitiu uma relação inicial entre:

- Quantidade (cargas ou impulso) em fluxo;
E neurônios (sistema nervoso) como partículas materiais.
Tal projeto foi, assim, concebido como base no pressuposto moderno de uma lei geral do movimento, lei da inércia, que diferencia a atividade de repouso, o que demandou de início um enfoque da natureza quantitativa (ciência natural), recebendo uma abordagem complementar qualitativa (teoria das paixões), que acompanhou suas considerações acerca, por exemplo, do fenômeno da consciência.

Assim, a simples quantitativa, a despeito da sua importância, não nos forneceria nem justificaria uma motivação ou desígnio no interior do aparelho neurológico (que é concomitantemente psíquico) uma vez que a ênfase posta nas características dos neurônios, nos diferentes sistemas e em suas funções, apenas destacou as quantidades com que ele tem de lidar.

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