Autor: Ademilson Marques de Oliveira
Sigmund Freud é uma referência fundamental para a compreensão da modernidade e seus impasses. Será o que Freud refere em relação à Teoria do Progresso?
Ao fazermos um paralelismo profundo entre mental e social, talvez, poderemos encontrar elementos suficientes para esta reflexão.
Neste contexto, entende-se que o sujeito é
um conjunto de competências e habilidades adquiridas ao longo da vida,
por meio de diversas formas de interação, através do relacionamento com a
natureza, com o mundo e consigo mesmo, ou seja, o processo acontece
influenciado pelo meio.
Dessa forma, a teoria do Freud coloca o
sujeito, na condição de um ser em construção, sujeito a imperfeições.
Por outro lado, é desenvolvido no sujeito, no aspecto social,
personalidades psíquicas e patológicas.
Vale ressaltar que, neste processo, o
comportamento do sujeito se dá por uma via de mão dupla. Ele é
influenciado, mas, também influencia seus costumes, mitos, crenças,
desejos e motivações.
Assim, no processo moderno, a teoria
Freudiana classifica o sujeito como um ser em evolução passível de
imperfeições e socialmente com personalidades psíquicas e patológicas.
Vale lembrar que para Freud, a culpa
desenvolveu papel importante na sociedade. Entretanto, ele dá a entender
que teríamos um futuro duvidoso. Isso fica visível, quando ele fala
sobre o "futuro de uma ilusão". Qual seria essa ilusão?
Em, “O Futuro de uma
Ilusão”, Freud admite a ideia de que a religião foi um importante
instrumento civilizador. Ela permitiu reprimir os instintos mais
destrutivos que impossibilitariam a vida em sociedade. A civilização, a
vida em sociedade, para Freud, é a única esperança de sobrevivência do
animal humano que é frágil demais diante de uma natureza ameaçadora e
impiedosa. Tal como acontece com o amadurecimento individual, a
humanidade precisou reprimir os instintos destrutivos para poder se
desenvolver inicialmente.
A repressão, porém, é um modo frágil de
lidar com impulsos indesejáveis, pois eles voltarão de alguma maneira,
sob a forma de neuroses ou outro tipo de psicopatologia. É por isso que,
embora a religião tenha sido fundamental na infância da humanidade, ao
reprimir instintos antissociais, aos poucos esse instrumento vai se
mostrando ineficaz e gerando outros problemas.
Para Freud, o amadurecimento da espécie
humana exige um gradual abandono da religião e a substituição por um
modo mais adulto de lidar com instintos destrutivos: a razão, à qual a
religião se opõe claramente. Ao instituir um Pai transcendente que
castiga quem transgride os tabus, a religião garantiu o mínimo de paz e
convivência necessárias à produção do conforto e segurança que a
civilização oferece.
Freud dizia que Deus era fruto do nosso
sentimento de culpa por termos matado um pai primordial. Será qual
contexto que o levou a sistematizar seu pensamento por este ângulo? A
religião seria fruto de um parricídio, do homem tentando expiar a culpa
criando um Deus para cultuar.
Pelo que lembro, além de não haver qualquer prova antropológica de um pai primordial morto pelos filhos, psicanaliticamente poderíamos perguntar que pai na verdade Freud queria matar. Será quem foi o pai de Freud? Como ele era com o Pai da Psicanálise? E com seus irmãos? Talvez, Freud não tinha um bom relacionamento com o seu pai, e, isso possa ter influenciado em sua teoria.
Fontes:
FREUD, Sigmund. A psicologia das massas e a análise do eu, Frankfurt, Fischer, 1999.
_____________. (1930) O Mal-Estar na Civilização. Vol. XXI.
_____________. (1929) O Futuro de Uma Ilusão. Vol. XXI.
SAFATLE, Vladimir. Freud como Teórico da Modernidade Bloqueada. Vitória, UFES, 2017
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