Cinema, Filmes e Psicanálise
Autor: Ademilson
Marques de Oliveira
Resumo: Pretendemos abordar
neste estudo uma reflexão sobre filmes cinematográficos, voltados para o terror
e fazer uma análise do ponto de vista da Psicanálise, visando identificar se
filmes dessa categoria podem colaborar para o desenvolvimento de histerias. E,
caso seja positivo, pretende-se apresentar meios de se prevenir e resguardar a
saúde mental. Também, buscaremos discutir o comportamento da indústria
cultural, a partir do pensamento de alguns filósofos que falam sobre o assunto.
O método utilizado é o levantamento de dados bibliográficos e visualização de
filmes. Conclui-se que o medo, de forma geral, inclusive os provocados por
filmes de terror podem gerar fortes emoções e, assim, poderá gerar alguns
desequilíbrios emocionais, de cunho passional.
Palavras chaves: Cinema, Filmes, Psicanálise, Ciência,
Saúde Mental.
Introdução
A partir da proposta
deste trabalho, pensou-se em desenvolver um estudo, onde fosse discutido os
papeis da industrial cultural, na visão de Theodor Adorno, sem perder o foco da
visão psicanalítica, a respeito das imagens, filmes e cinemas.
Neste aspecto
selecionamos os filmes: O filme escolhido para este trabalho tem como título
“Geleira Sangrenta de 2018” e o “O Demônio da Rua Willow”.
Desta forma, o seguinte
questão problema é proposto: Os filmes de terror pode ocasionar em algumas
pessoas, doenças como histeria ou transtorno de pânico, se elas ficarem com
muito medo?
Para respondermos esta problemática,
dedicaremos a questões voltadas para Psicanálise, Neuroanatomia e Filosofia.
Com esta análise
pretendemos encontrar possibilidades de viver com melhor qualidade de vida,
visando se evitar a provocação de doenças emocionais.
Discussão do assunto
Em uma visão psicanalítica, percebe-se
que a industrial cultural, termo pensado por Theodor Adorno, talvez, tenha
feito de certa forma, uma imposição que determina valores e modelos de
comportamentos da sociedade. Isso, aparentemente faz com que a criatividade do
homem possa ser bloqueada, onde passa aceitar passivamente os fins
estabelecidos pelos detentores dos veículos de comunicação, por meio de imagens
e cenas cinematográficas. Esses comportamentos das redes de cinema podem causar
prazer ou desprazer às pessoas, pois provocam fortes emoções, podendo acarretar
traumas, dependendo da sensibilidade de cada um, o que poderá ser geradores de
doenças.
O filme escolhido para este trabalho
tem como título “Geleira Sangrenta de 2018”, categoria filme de terror. Ele relata que nos Alpes austríacos, um misterioso e
fantasioso evento começa a ocorrer: das montanhas do local, um líquido estranho
e bizarro começa a escorrer. Um grupo de cientistas é enviado para solucionar a
misteriosa problemática do vazamento, que está afetando a vida selvagem do
local de maneira assustadora. Outro filme, que merece destaque é: “O
Demônio da Rua Willow, que também é de terror. Ambos, em diversas situações
poderão levar algumas pessoas a crise de medo e fobias, levando a pessoas a
pânico. Essa situação poderá movimentar o lado passional do sujeito, na
visão psicanalítica freudiana. Talvez, isso poderá levar ao desenvolvimento de
histerias, como por exemplo o transtorno de pânico.
Valem ressaltar que, os ataques
de pânicos são causados por transtorno de pânico, eles caracterizam-se
pela ocorrência repentina, os quais, por sua vez, podem ser definidos por
fortes emoções, que geram desequilíbrio emocional, causando mal-estar ou
medo. Isso gera sintomas relacionados as doenças psicossomáticas,
tais como: muito medo de perder o controle e de morrer, sensação de
sufocamento, tremores, taquicardia e até desmaio, entre outros.
Os profissionais que tratam a saúde
mental têm grandes desafios, um deles é avançar nas pesquisas pré-clínicas, no
campo, talvez, da Neurociência. Ela poderá ser um caminho para ajudar a
solucionar esta problemática, em razão da produção científica disponibilizada
por ela.
É preciso combater o mau do medo
exagerado, pois ele pode inibir a qualidade de vida das pessoas. Será como que
ocorre a movimentação da rede central do medo? Segundo estudos
publicados na Revista Brasileira de Psiquiatria, pelos pesquisadores: Marco
André Mezzasalma; Alexandre M Valença; Fabiana L Lopes; Isabella Nascimento;
Walter A Zin; Antonio E Nardi acontece assim:
A informação sensorial passa para o
estímulo condicionado, e atravessa o tálamo anterior até o núcleo lateral
da amígdala, sendo, então, transferido para o núcleo central da amígdala. O
núcleo central da amígdala atua como ponto central para disseminação de
informações, que então coordenam as respostas autonômicas e
comportamentais. Vias eferentes do núcleo central da amígdala possuem
diferentes destinos: o núcleo parabraquial, produzindo aumento no ritmo respiratório;
o núcleo lateral do hipotálamo, ativando o sistema nervoso simpático e causando
ativação autonômica e descarga simpática; o locus ceruleus, resultando em um
aumento da liberação de norepinefrina com consequente aumento na pressão
arterial, frequência cardíaca e resposta comportamental ao medo; o núcleo
paraventricular do hipotálamo, causando aumento na liberação de
adrenocorticóides; e a substância cinzenta periaquedutal, responsável por
respostas comportamentais adicionais, incluindo comportamentos de defesa e
paralisia postural. (Rev. Bras. Psiquiatr. vol.26 no. 3 São
Paulo Sept. 2004).
Há relatos de pessoas que após
assistirem filmes de terror, tiveram muito medo, inclusive até de desligar a
televisão, perderam o sono e tiveram a sensação de insegurança. Fatos como
esses são hipóteses que poderá causar algum tipo de histeria ou doenças
psicossomáticas, até mesmo transtorno de pânico, por conta do desequilíbrio
emocional desenvolvido.
Vale ressaltar que o ataque de pânico
é originado de uma emoção forte, devido ao medo. Esse sentimento atinge o
Sistema Nervoso Central, pois, na rede do medo estão algumas estruturas
encefálicas responsáveis por identificar estas sensações. Pode-se citar como
exemplo: o hipotálamo, a ínsula, o córtex pré-frontal, o tálamo e etc.
Portanto, é importante ser seletivo nas escolhas de imagens, filmes e cinemas,
visando à prevenção da saúde mental.
Considerações finais
Freud orienta sobre os sintomas das
histerias, das doenças psicossomáticas, ou seja, aquelas ligadas a questões
emocionais.
Diante do que ele ensina, entende-se a
necessidade do equilíbrio emocional e das paixões, ou seja, do movimento
passional, visando viver com uma melhor qualidade de vida, por isso, a
importância de saber selecionar imagens, filmes e programas de TV de qualidade,
visando evitar possibilidades de enfraquecimento da saúde mental, emocional,
para que possa viver melhor.
Referencia bibliográfica:
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