A Psicanálise no meio acadêmico

Autor: Ademilson Marques de Oliveira


O saber psicanalítico idealizado por Freud, a partir de vivência de estudos teóricos e de prática, com um olhar de Médico, Especialista em Neurologia. Foi após várias consultas de pacientes e de diálogos com seus colegas de profissão, que ele propôs uma quebra de paradigma na época. Fatos que provocaram uma revolução no conhecimento, saindo na “normalidade”, onde o foco era voltado para o consciente. O pai da Psicanálise apresenta o estudo do inconsciente.

A Psicanálise visa tratar as neuroses, além de buscar compreender o desenvolvimento da civilização e os produtos da cultura. Na atualidade, este modelo é visível nas clínicas de psicanálise, nas universidades e nas mídias. Os profissionais dessa área desenvolvem diferentes modos em suas práticas, porém o objetivo é aplicar o tratamento clínico, pois entende-se que é possível curar vários tipos de doenças de característica passional. No entanto, é comum encontrarmos várias correntes de pensamento, como: freudianos, lacanianos e winnicottianos, com técnicas, procedimentos e interpretações distintas e divergentes.

Embora a Psicanálise seja o estudo do inconsciente, talvez, podemos chamar de metaconsciente. Mas, a verdade é que não faltaram esforços para classificar este tipo de conhecimento como ciência. Freud e Lacan tentaram situar ela no registro de um saber científico. Nestas tentativas entenderam que são questionamentos da Psicanálise: o alcance e os limites de um tratamento fisiológico de determinados mal-estares e o lugar de privilégio do sujeito da consciência, dono das suas ações.

No desenrolar da história, Foucault questionou o desejo dos psicanalistas e dos marxistas sobre a cientificidade dos seus discursos. Para ele esta busca de se dava devido ao desejo de poder, pois, este era o seu entendimento sobre a ciência, percebidos na justificação dos discursos científicos.

Vejamos o pensamento do professor, Daniel Omar Peres, sobre Foucault, em relação ao estatuto da cientificidade, no livro de Ética na Psicanálise, UFES, 2017:
 
O estatuto de cientificidade não seria outra coisa que um modo do exercício do poder. Seria acaso isso o que se procuraria satisfazer quando se tenta indagar a cientificidade da psicanálise? Se não é, então proponho que mudemos a pauta da "cientificidade" por outra mais psicanalítica: eficácia. O problema não seria tanto satisfazer a demanda de cientificidade quanto de nos interrogarmos pela eficácia da psicanálise.

Diante dos fatos, pensemos: Será que é possível relacionar a Psicanálise com outros saberes, do ponto de vista da quantificação proposta por Heidegger?

Segundo Peres, “Heidegger mostra que o rigor de um determinado saber não se reduz à exatidão matemática do contar, mas se realiza na relação com seu objeto. Esse é o caso da diferença entre História e Matemática”. Da mesma forma, entre as ciências humanas e exatas.

Afinal, não há superioridade entre as diversas áreas de conhecimento. A Psicanálise, Filosofia, Teologia, Ciência e outros saberes, como a Mitologia e senso comum merecem respeito, pois um complementa o outro. Os diversos saberes, cada um com sua característica foram e é responsável para dar sentido a vida das pessoas. Portanto, o conhecimento não é estático, ele é dinâmico. Por isso, conclui-se que as quebras de paradigmas são importantes para a evolução do conhecimento, pois não há verdades absolutas.


Fonte:

PERES, Daniel Omar. A Ética da Psicanálise. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017
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