A originalidade de Freud na consideração do prazer como fundamento da vida passional



Autor: Ademilson Marques de Oliveira




Resumo:

Ao refletirmos sobre a característica passional em Freud, entende-se a necessidade de voltar o pensamento reflexivo para as questões ligado a saúde psíquica ou neurológica. Assim, pretendemos pontuar algumas consequências relacionadas às questões emocionais, onde será feito uma reflexão sobre prazer/desprazer.  Então, a nossa questão central é: Como evitar sintomas de doenças, de cunho passional, na visão freudiana? Como isso, visamos identificar mecanismos que sirvam de obstáculos para o desenvolvimento de doenças psicossomáticas, visando uma melhor qualidade de vida.

Palavras Chaves: Freud; Prazer-Desprazer; Sensações; Doenças; Passional.


Introdução:

Através desse artigo pretende-se abordar a temática através das seguintes indagações: Qual pensamento de Freud sobre o prazer como fundamento da vida passional? Qual a importância das sensações e suas relações com os princípios mecânicos? Será que é possível notar uma continuidade quanto ao tema das paixões, entre o empirismo inglês, o materialismo francês e a concepção da psicanálise freudiana? E o que ele aborda sobre a vida passional, e suas consequências?
O nosso objetivo é fazer uma reflexão sobre o recorte histórico, em buscar de relacionar o empirismo inglês, o materialismo francês, com a concepção psicanalítica freudiana, buscando entender a originalidade do prazer como fundamento da vida passional em Freud.
Com isso, visamos encontrar mecanismos de identificação de vários tipos de doenças ligadas a questões emocionais, e identificar possibilidades de viver com uma melhor qualidade de vida.

Discussão do tema:

Segundo o recorte bibliográfico de Freud, fica visível o seu empenho na busca de tentar compreender os seres humanos, para além do que era considerado “padrão” de sua época, enquanto o natural era estudar o consciente, ele vai além, e propõe o estudo do inconsciente, por meio da Psicanálise.
Ao abordarmos as ideias do fundador da psicanálise, algumas características, ligada ao espírito da época merecem ser relembrados, considerando que Freud viveu entre os anos de 1856 a 1939. Ele é descendente de família judaica, nasceu em Freiberg (na Morávia). Diversos acontecimentos aconteciam do mundo afora, nesta época, mas alguns merecem destaque, tais como: a “Primeira Guerra Mundial” e o início da “Segunda Guerra Mundial”, além da forte perseguição de Adolf Hitler, aos judeus.
Diante das situações, sua família muda-se para Viena em busca de melhor qualidade de vida. Lá os judeus tinham melhor aceitação social. Nesta época Freud tinha apenas quatro anos, na vida acadêmica, formou-se em Medicina em 1881, através da Universidade de Viena, e especializou-se em Neurologia; Ele também é considerado importante Psicólogo Austríaco. Além de lhe ser atribuído o título de criador, ou seja, o pai da Psicanálise.
Para Freud, o desejo na condição de movimento, talvez, pode ser caracterizado como um dado primário do ligamento da vida passional e da estrutura mental, isso é possível, pois, seu mecanicismo direciona a noção de que um comportamento reativo em relação a um estímulo, lembrando que, desejo ou aversão, não pode ser evitado ou abandonado no campo de forças que é a natureza. Portanto, prazer e desprazer, e da mesma forma, amor e  ódio, surgem como resultado desse mecanismo reativo, sendo bem ou mal sucedido, respectivamente.
A primeira engrenagem na mecânica do desejo é a sensação. Neste caso a sensação é provocada através corpo exterior, ou seja, pelos órgãos dos sentidos, tais como: (audição, visão, olfato, paladar e tato) que encarregam de levar ao cérebro uma impressão que busca definir ou transmitir a sensação.
É importante destacar que, talvez, seja possível definir o desejo como a busca de objetos úteis, enquanto a aversão como à recusa dos objetos hostis.         Na esteira desses novos pensamentos na construção do conhecimento psicanalítico, percebe-se que é possível notar uma continuidade quanto ao tema das paixões, entre o empirismo inglês, o materialismo francês e a concepção da psicanálise freudiana, pois nota-se que nesse contexto histórico, a ideia de prazer, pensado por Freud está relacionada com o estatuto de prazer da modernidade.
Portanto, na busca de entender as paixões no pensamento freudiano, é importante voltar o olhar ao passado, e fazer um recuo cronológico a algumas definições de Hobbes e Locke, para alcançar o século XVIII. Neste século a noção de natureza humana e de vida passional passou a ter um novo entendimento. As ocorrências desses fatos se deram devido o século XVIII, por meio de teóricos, como da corrente do materialismo francês, que desenvolveram abordagens novas resignificando a noção de prazer.
Desta forma, é possível um diálogo com a psicanálise freudiana, por exemplo: nas abordagens sobre a construção sensorial das funções psíquicas, bem como a temas pertinentes ao estatuto geral do prazer, na concepção da paixão, de acordo com as especificidades conferidas por Freud. 
É importante ressaltar que, por volta do século XVII, era do mecanicismo, surge Hobbes. Sua Filosofia, juntamente com a de Candillac e Loocke colaboraram no campo teórico de concepções de Freud.
Para Hobbes, a natureza humana é a soma das suas faculdades e potências naturais, tais como as faculdades da nutrição, movimento, geração, sensação, razão, etc. Unanimemente, chamamos estas potências de naturais, e elas estão contidas na definição do homem sob estas palavras: animal e racional. Dessa forma, foram divididas as faculdades em: corpo e mente.
Assim, as do corpo foram divididas em três: categorias: potência nutriz, motriz e geratriz. Quanto às da mente, ele reconheceu apenas dois tipos: a cognitiva (também chamada imaginativa ou conceptiva) e a motriz. Então, Hobbes entende que:
“a imaginação nada mais é, portanto, senão uma sensação diminuída, e encontra-se nos homens, tal como em muitos outros seres vivos, quer estejam adormecidos, quer estejam despertos” (1651, p. 11).
Hobbes dispensava qualquer Lei Natural ou qualquer autoridade sobrenatural. Ele era abertamente utilitarista. Para o utilitarista, o que importa é a felicidade. Neste caso entende-se por felicidade o prazer e a ausência de dor. Já por infelicidade, a privação do prazer. Vale lembrar que, quem criou um sistema de ética baseado no prazer foi Jonh Stuart Mill.
Freud relacionou o funcionamento do corpo ao mecanicismo do prazer, ou seja, a fuga do desprazer. Então, ao indagar, o que é o homem? E, como ele pode ser pensado? Freud responde: Ele pode ser pensado como princípio do prazer. Daí sua importância na construção do edifício do conhecimento, devido sua originalidade na consideração do prazer como fundamento da vida passional.
Com Freud, o homem quer o repouso, ou seja, o escoamento. O “pai da psicanálise” ao analisar os estudos realizados anteriormente sobre o principio do prazer, ele o ressignifica. Então, ele identifica a ideia da fuga da dor, como elemento necessário para o prazer. 
Portanto, percebe-se a importância de entender o prazer como fundamento da vida passional. Entende-se que paixões reprimidas podem causar delírios, bem como os ataques histéricos que, são atitudes e posturas de movimento passional. Além disso, várias doenças psicossomáticas podem surgir na vida do ser humano, devido a ausência do equilíbrio emocional.
Para Freud: “os distúrbios psíquicos são alterações no curso e na associação de ideias, inibições na atividade da vontade, exagero e repressão dos sentimentos etc.”. Dessa forma, conclui-se que, quem se autoconhece, e, que buscar viver com plenitude sua identidade poderá ter uma qualidade de vida melhor, se prevenindo de vários tipos de doenças.


Conclusões:

           Conclui-se, que, em Freud, o ponto de vista referente a ciência natural ou quantitativa não se separa do qualitativo, bem como das Teoria das Paixões.
Também, é visível a importância de estudar o empirismo inglês, o materialismo francês, para compreender com qualidade a concepção psicanalítica freudiana.
Por outro lado, percebe-se a especificidade do prazer em Freud, do mesmo modo, a possibilidade de entender o desprazer.
Vale lembrar que os sentimentos de prazer e desprazer estão ligados na vida passional, segundo, o fundador da psicanálise.  Para ele a privação do prazer, ou seja, as paixões reprimidas podem ocasionar diversos tipos de doenças, ligadas a questões emocionais.
Diante da proposta freudiana, entende-se que o equilíbrio emocional colabora na prevenção de doenças, como histerias, neuroses, enfim, vários tipos de sintomas psicossomáticos. Isso inclui as questões ligadas às paixões e sexualidade.


Referencia Bibliográfica:
BOCCA, Francisco Verardi. Paixões e Psicanálise: Dimensões Modernas da Natureza Humana. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017.

CONDILLAC, E. B. 1993: Tratado das sensações. Campinas, Ed. Unicamp.

HOBBES, T. 1979: Leviathan. S. P., Abril Cultural.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia – Do Romantismo até nossos dias. Vol. 3. 8ª ed. São Paulo: Paulus, 2007.
SAFATLE, Vladimir. Freud como Teórico da Modernidade Bloqueada. Vitória-ES, UFES, 2017.
https://prezi.com/rpuuwbfnjwmi/freud/. Acessado em: 20/02/2018.

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