A Ética na Psicanálise


 Autor: Ademilson Marques de Oliveira

Diante do desenvolvimento do pensamento da humanidade, depara-se com estudo do inconsciente, idealizado por Freud, a Psicanálise. Quais são as orientações éticas que norteiam este campo de conhecimento? Como o analista deve se comportar, ao tratar pacientes? 

A questão ética da psicanálise estaria aquém da escolha.  Aquilo que entendemos por ética no senso comum se reduz a um conjunto de regras e princípios a partir dos quais podemos julgar um determinado acontecimento. Portanto, a experiência ética do analista está na posição de algo do real, que incomoda o exercício analítico. O desejo do analisante é desejo de verdade, mas ele vai além, encontra-se com o Real: o limite de toda explicação. O sujeito busca saber a causa e o que encontra na experiência analítica é seu próprio desejo.

Segundo o professor, Daniel Omar Peres, boa parte de pensadores na história da filosofia se ocuparam de reflexões éticas voltadas para o dever, da prudência, da utilidade e da felicidade.

No que diz respeito à noção de experiência, a psicanálise poderia ser pensada como um protocolo que possibilitaria o acesso do sujeito ao Real. Trata-se, antes de tudo, da experiência que começa com uma implicação subjetiva e que conduz à desubjetivação.  Ela é um dos recursos capaz de perturbar em um sujeito a defesa estabelecida contra o Real em qualquer uma das suas formas. Por isso, o analista não está para saber ou entender, muito menos para explicar, mas para possibilitar um efeito perturbador. A eficácia psicanalítica é decididamente perturbadora. Na experiência da análise, o desejo do analista não pode ser desejo de saber, dado que não é o saber e sim o desejo o que está em questão.

De acordo com Levi-Straus, o mito não é propriamente uma explicação, muito menos científica, definitivamente não explica nada, é sim uma estrutura significante, um esboço que se articula para suportar certas antinomias psíquicas.

Já o inconsciente não é, e nunca foi, o âmbito das trevas, o irracional, a caixa preta ou qualquer coisa que se possa reduzir a uma experiência mística em relação de oposição neutralizadora com a razão.

Vale destacar que o desejo do analisante é o desejo da verdade, mas ele vai além, encontra se com o Real: o limite de toda explicação. O sujeito busca saber a causa e o que encontra na experiência analítica é seu próprio desejo. Podemos então dizer que o desejo do psicanalista, na visão de Cottet, é aquele que consiste em acentuar a diferença em lugar de reduzir a tensão entre o ideal e o objeto do desejo.

Para se pôr o trabalho da experiência , Freud propões duas estratégias em momentos diferentes: uma é a do reforço do eu, a outra é a do revestimento libidinal, para ele isso é uma questão de ética.

A interpretação do analista deve ser de mobilizar o lugar do sujeito da enunciação, assim, ele não deve ter opinião formada, nem julgamento. Portanto, conclui-se que a importância do analista em psicanálise é altamente relevante para a sociedade, pois, ela busca ajudar as pessoas a se relacionarem melhor com elas mesmo, com outro, com a natureza e com o mundo.

Fontes:
PERES, Daniel Omar. A Ética da Psicanálise. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017.

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