Autor:
Ademilson Marques de Oliveira
A Ética na
Comunidade da Comunicação
Não há
dúvidas de que a ética de Lévinas rompe radicalmente com o modernismo. A
introdução do outro faz um contra-ponto enorme à ética do "eu", que
chega ao apogeu no übermensch de Nietzsch - incompatível com a necessidade de
encontrar, conhecer, reconhecer e acolher o outro.
Pensar a
ética, trazendo a perspectiva do outro, é algo realmente muito novo - não
obstante outros filósofos anteriores, como Hurssel, já tenham abordado o outro
em suas proposições (ao meu ver de modo insatisfatório).
Agora, algo
a ser pensado com maior reflexão: em que medida a proposição ética a partir do
pressuposto da comunidade da comunicação é ainda moderna e em que medida a
supera?
São claras
as relevantes contribuições de Habermas para a filosofia contemporânea, seja no
âmbito da linguagem, seja na ética; talvez, em alguns pontos ficam duvidosos e
achamos válida a crítica; sendo assim, elencamos algumas questões.
A
universalidade habermasiana não significa o consenso entre um grupo discursivo,
mas sim um assentimento universal. Ora, isso só seria possível se os sujeitos
participantes do discurso fossem todos os sujeitos existentes ou, ao menos, os
envolvidos no caso, pois imaginar o que os que não estão presentes diriam ou
não significa - assim como no imperativo categórico - decidir por aquilo que
"pensamos" ser o melhor para todos, por aquilo que parece ser o
melhor para todos aos olhos de quem no momento compõe a comunidade discursiva.
Em Habermas isso acontece num grupo de pessoas de maneira discursiva.
Talvez o
próprio Habermas faz saltar à vista seu calcanhar de Aquiles. Se, nos
princípios D e U, ele exige - de sua própria ética - que a norma que não alcançar
o assentimento de todos não será aceita como válida, penso que qualquer pessoa
racional chega à conclusão evidente da impossibilidade da efetivação de um
discurso universal.
Nosso mundo
moderno volve o olhar para 2.500 anos de investigação filosófica. O que nos
oferece ela? Desde que os homens se tornaram capazes de livres especulações,
suas ações, em inúmeras relações importantes, tem dependido de suas teorias
quanto ao mundo e a vida humana. Mas infortunamente quase todas as questões de
maior interesse para as mentes especulativas são tais que não podem ser
respondidas sastifatoriamente, e os filósofos contemporâneos, abandonando a
busca filosofica consagrada pelo o tempo, confessam francamente que o intelecto
humano é incapaz de achar respostas conclusivas para muitas questões de
profunda importância para a humanidade. Esta falta de convicção, de claridade
com respeito ao significado da vida, indica claramente
que algo está acontecendo ao Espírito Ocidental.
Muitos
problemas filosóficos (éticos, ciêntíficos, políticos e econômico) existem que
são de fato o resultado de pensamento emaranhado, de se abordar um problema
pelo o ponto de vista errado. Em tais circunstâcias, o inquiridor fica perplexo
e confuso, sente que não é capaz de achar o caminho, como quanto a sua
filosofia lhe diz que algo é verdadeiro que ele simplesmente não pode crer, tal
como negar a existênciar do mundo material. Ora, a abordagem certa em tal
dilema não é martelar no problema tal como é exposto. Encontra-se a solução
abordando o problema de maneira liversa.
Uma das
principais tarefas da filosofia é, pois, remodelar problemas insolúveis, pegar
o bastão pela extremidade certa. "Mostrar a mosca o caminho para sair da
garrafa".
Muitos
problemas filosóficos não tem de ser resolvidos. Eles se dissolvem. Não são
questões reais, mas atoleiros encarados como problemas, que secam quando se
drena o solo. A filosofia só pode avançar quando tais problemas são removidos,
só então pode acometer as tarefas construtivas. A primeira realização da
filosofia é no papel dissipadora do nevoeiro.