quinta-feira, 22 de março de 2018

Análise do diálogo de Sócrates e Critão, baseado nos conceitos psicanalítico freudiano


 Autor: Ademilson Marques de Oliveira
professorfilosofoademilson@gmail.com

 

Resumo:
O presente artigo versará sobre a maneira de Sócrates entender o mundo a partir da análise do diálogo de Sócrates e Critão, relatado por Platão. A metodologia utilizada é o levantamento de dados bibliográficos, onde posteriormente foi feito um fichamento e finalmente a construção do texto. Pretende-se por meio de uma proposta ética relacionada com a psicanálise, entender a maneira de o filósofo compreender o universo e, de se relacionar com as pessoas, de viver a ética, a boa conduta e a justiça, a partir dos conceitos psicanalíticos freudianos. Conclui-se que a arte do viver bem, se dá com a aceitação da identidade, de saber se relacionar consigo mesmo, com outro, com natureza e com o mundo. Isso previne doenças de características emocionais, passionais, tais como: sintomas psicossomáticos, neuroses e outras.

Palavras chaves: Sócrates; Critão; Ética; Freud; Psicanálise.


Introdução:
A obra relatada por Platão, Diálogos Platônicos, em que mostra uma conversa entre Sócrates e Critão, revela que o pensamento do filósofo não mudou diante das circunstâncias que estava vivendo, ao ser preso, em uma cela, em Atenas.

Aproximou Sócrates as opiniões de Critão com as da multidão, quando este, numa tentativa desesperada de fazer o amigo mudar de ideia, na sua decisão de permanecer preso. Critão, inconformado com o acontecimento, propôs a Sócrates a possibilidade de fuga.

Porém, para o Filósofo, levar a cabo a paga do suborno e a fuga seria negar toda uma vida de justiça e virtude. Sendo assim, é fácil deduzir a ética socrática.

Alvo deste duplo conhecimento será a consecução da verdade que constituirá a norma suprema do reto proceder. Proceder de conformidade com o que se nos apresenta como verdade no foro da consciência, isto é, com a convicção. Portanto: ser verdadeiro, eis o critério da conduta, critério que se apresenta sob duas formas: “Forma objetiva: procede sempre em todas as relações da vida de conformidade com a verdade”. 

Distingue-se da moral como parte do todo, compreendendo o direito somente as leis cuja violação põe em perigo a ordem social. Distingue-se ainda pelo elemento força que se lhe acrescenta como sanção; o direito é moral sancionada pela força, assegurada coativamente pelo poder público.

Filosofar é aprender a morrer: São palavras de Sócrates. 

A maneira de Sócrates entender o mundo nos permeia até hoje, pois diversas pessoas, ainda defendem a “boa conduta”, e buscam viver norteados pelos princípios voltados para a ética e a justiça.

Para a realização desse artigo pensou-se a seguinte questão problema: Como analisar o diálogo de Sócrates com Critão baseados nos conceitos psicanalíticos?

A metodologia a ser utilizada na elaboração deste artigo será a documental, onde efetuaremos um levantamento bibliográfico de referências pertinente ao tema.

Ressalta-se que esse trabalho é de relevância para todos que buscam um conhecimento filosófico e reflexivo, voltado para a ética na psicanálise, ou seja, ligado aos conceitos psicanalíticos.

Resultados e discussão:
A obra relatada por Platão, Diálogos Platônicos, em que mostra uma conversa entre Sócrates e Critão, revela que o pensamento do filósofo não mudou diante das circunstâncias que estava vivendo. Apesar de seu amigo Critão lhe oferecer ajuda para fugir da cadeia, Sócrates mostrou o quanto seria injusto aceitar a proposta, pois para ele estaria negando seus próprios ensinamentos.

Para Sócrates a opinião da multidão não importava tanto quanto o agir, pois para ele o mais importante era não enganar a si mesmo. O compromisso para com a cidade que ele tanto admirava, as Leis, as quais ele jurou cumprir e a maneira em que acreditava não o deixava mudar de ideia. Aqui percebe-se a presença dos valores morais tradicionais.

Freud propõe justamente uma inversão de valores. Para ele será preciso uma resistência, sim, mas ao sacrifício. Resistir ao gozo sacrifical como imperativo: Não te sacrificarás! Esse é ponto de partida da transvaloração freudiana da tradicional moral.

Um dos objetivos da psicanálise é ajudar as pessoas a se relacionarem melhor consigo mesmo, com o outro, com a natureza e com o mundo. Neste sentido fica visível que, Sócrates estava, talvez, na plenitude do equilíbrio de mente e copo. 

Para Sócrates que sentido seria fugir da prisão para não morrer e fazer o contrário de tudo que ele pensava e ensinava? Quais os ensinamentos que teria para passar para os outros a partir daquele episódio? Nem seus filhos poderiam educá-los. Pensando no melhor para eles e para sua própria consciência decidiu ficar e aguardar a sentença final.

É importante ter em mente, que mesmo diante destes questionamentos, em relação aos conceitos psicanalíticos, o analista não pode emitir um juízo, rigorosamente falando, ele não pode ter opinião própria, nem mesmo julgamento. 

Segundo, o professor Daniel Omar Peres, no livro Ética da Psicanálise, de 2017, “O analista não está para saber ou entender, muito menos para explicar, mas para possibilitar um efeito perturbador”. 

Neste diálogo, interpreta-se que, Sócrates aproximou as opiniões de Critão com as da multidão, quando este, numa tentativa desesperada de fazer o amigo mudar de ideia na sua decisão. Enfim, para o presidiário, acatar as opiniões de Critão que postulava o plano de fuga seria o mesmo que cometer uma violência contra a pátria.

Para a Psicanálise, na visão de Peres, “aquelas figuras de tradição como modos de apresentação ideal, em que a obediência ao mandamento se coloca no estatuto do valor da virtude”.

E, quanto à flexibilidade das Leis, nunca houve dúvidas: sempre se permitiu a qualquer um dissuadi-las por vias legais, caso notasse o erro, também emigrar, quem não quisesse submeter. Ora, ao fujão ateniense juntaria, nas condições imaginadas, o agravante de ter vivido uma vida toda no torrão natal como um verdadeiro turrão: ou cego ou coxo sem jamais dali tirar as sandálias, sem nem pensar em mudar-se a outra cidade de seu agrado, nem a Creta ou a Esparta, vistas por ele como de boas leis. Assim, pela dialética socrática aplicada a ele mesmo, somos levados a crer que Sócrates gostava tanto de Atenas quanto de suas Leis, a ponto de submeter à soberania delas para gerar os seus filhos, assim como ele próprio fora educado é por intermédio das mesmas sentenças. 

Qualquer tentativa de destrui-las devia ser entendida, segundo essas condições, como injustiça, como uma desforra, à vista de gramáticas investidas da Lei sobre o réu. Note-se a retribuição vergonhosa de injustiça com injustiça, defendida por Critão e a qual foi trazida à luz pelo exame criterioso do filósofo sereno e correto.

O conhecimento é a finalidade do mundo. Antes de qualquer coisa, duas são as regras fundamentais da psicanálise, visando de uma boa qualidade de vida e saúde mental: conhecer-te a ti mesmo; segunda: conhecer a natureza.

Talvez, seja a partir desse duplo conhecimento, que o sujeito consegue tomar as melhores decisões na vida, pertinente aquilo que ele acredita, sem se deparar com sintomas de caráter passional, tais como: histeria, doenças psicossomáticas, neuroses e angustias.

Alvo deste duplo conhecimento será a consecução da verdade que constituirá a norma suprema do reto proceder. Mas, a verdade não a possuímos por inteira e completa. Então, o que fazer?  Proceder de acordo com que a natureza nos oferece... Proceder de conformidade com o que nos apresenta como verdade no foro da consciência, isto é, com a convicção. Portanto: ser verdadeiro, eis o critério da conduta ética em todas as profissões, critério que se apresenta sob duas formas: “Forma objetiva: procede sempre em todas as relações da vida de conformidade com a verdade. Forma subjetiva: procede sempre e em todas as relações da vida de conformidade com as tuas convicções” (Brito, 1905:25).

Filosofar é aprender a morrer: São palavras de Sócrates. Por outro lado, Freud, afirma, em seu texto reflexões para os tempos de guerra e morte (1915 vol. XIX): “se queres suportar a vida, prepara-se para a morte”. Há bastantes entendimentos que a pior morte, muitas das vezes são aquelas que se vivem em vida. Será que há vivos mortos? É bem capaz que existam bastantes, todos aqueles que vivem, mas não têm ideais, sonhos, motivações, animações, ou seja, espírito jovem, de certa forma, eles estão parcialmente mortos. 

A maneira de Sócrates entender o mundo nos permeia até hoje, pois as pessoas que lida bem com sua identidade, com seus ideais, vive uma realidade melhor, pois tendem a prevenir o surgimento de doenças de características emocionais.  


Considerações Finais:
Conclui-se que a arte do viver bem, se dá com a aceitação da identidade, de saber se relacionar consigo mesmo, com outro, com natureza e com o mundo. Isso previne doenças de características emocionais, passionais, tais como: sintomas psicossomáticos, neuroses e outras.



REFERÊNCIA BIBIOGRÁFICA:
BOCCA, Francisco Verardi. Paixões e Psicanálise: Dimensões Modernas da Natureza Humana. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017.

CORNFORD, F.M.: Estudos de Filosofia Antiga – Sócrates, Platão, Aristóteles, trad. Maria Angelina Ródo. Coimbra: Atlântida Editora, 1969.

MONDOLFO, RODOLFO: Sócrates, trad. Lycurgo Gomes da Motta. 2ª ed. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1967.

JAIME, Jorge: História da Filosofia no Brasil – volume 1. Petrópoles, RJ: Vozes; São Paulo, SP: Faculdades Salesianas, 1997.

PERES, Daniel Omar. A Ética da Psicanálise. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017.

A Ética na Psicanálise


 Autor: Ademilson Marques de Oliveira

Diante do desenvolvimento do pensamento da humanidade, depara-se com estudo do inconsciente, idealizado por Freud, a Psicanálise. Quais são as orientações éticas que norteiam este campo de conhecimento? Como o analista deve se comportar, ao tratar pacientes? 

A questão ética da psicanálise estaria aquém da escolha.  Aquilo que entendemos por ética no senso comum se reduz a um conjunto de regras e princípios a partir dos quais podemos julgar um determinado acontecimento. Portanto, a experiência ética do analista está na posição de algo do real, que incomoda o exercício analítico. O desejo do analisante é desejo de verdade, mas ele vai além, encontra-se com o Real: o limite de toda explicação. O sujeito busca saber a causa e o que encontra na experiência analítica é seu próprio desejo.

Segundo o professor, Daniel Omar Peres, boa parte de pensadores na história da filosofia se ocuparam de reflexões éticas voltadas para o dever, da prudência, da utilidade e da felicidade.

No que diz respeito à noção de experiência, a psicanálise poderia ser pensada como um protocolo que possibilitaria o acesso do sujeito ao Real. Trata-se, antes de tudo, da experiência que começa com uma implicação subjetiva e que conduz à desubjetivação.  Ela é um dos recursos capaz de perturbar em um sujeito a defesa estabelecida contra o Real em qualquer uma das suas formas. Por isso, o analista não está para saber ou entender, muito menos para explicar, mas para possibilitar um efeito perturbador. A eficácia psicanalítica é decididamente perturbadora. Na experiência da análise, o desejo do analista não pode ser desejo de saber, dado que não é o saber e sim o desejo o que está em questão.

De acordo com Levi-Straus, o mito não é propriamente uma explicação, muito menos científica, definitivamente não explica nada, é sim uma estrutura significante, um esboço que se articula para suportar certas antinomias psíquicas.

Já o inconsciente não é, e nunca foi, o âmbito das trevas, o irracional, a caixa preta ou qualquer coisa que se possa reduzir a uma experiência mística em relação de oposição neutralizadora com a razão.

Vale destacar que o desejo do analisante é o desejo da verdade, mas ele vai além, encontra se com o Real: o limite de toda explicação. O sujeito busca saber a causa e o que encontra na experiência analítica é seu próprio desejo. Podemos então dizer que o desejo do psicanalista, na visão de Cottet, é aquele que consiste em acentuar a diferença em lugar de reduzir a tensão entre o ideal e o objeto do desejo.

Para se pôr o trabalho da experiência , Freud propões duas estratégias em momentos diferentes: uma é a do reforço do eu, a outra é a do revestimento libidinal, para ele isso é uma questão de ética.

A interpretação do analista deve ser de mobilizar o lugar do sujeito da enunciação, assim, ele não deve ter opinião formada, nem julgamento. Portanto, conclui-se que a importância do analista em psicanálise é altamente relevante para a sociedade, pois, ela busca ajudar as pessoas a se relacionarem melhor com elas mesmo, com outro, com a natureza e com o mundo.

Fontes:
PERES, Daniel Omar. A Ética da Psicanálise. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017.

quarta-feira, 14 de março de 2018

A Psicanálise no meio acadêmico

Autor: Ademilson Marques de Oliveira


O saber psicanalítico idealizado por Freud, a partir de vivência de estudos teóricos e de prática, com um olhar de Médico, Especialista em Neurologia. Foi após várias consultas de pacientes e de diálogos com seus colegas de profissão, que ele propôs uma quebra de paradigma na época. Fatos que provocaram uma revolução no conhecimento, saindo na “normalidade”, onde o foco era voltado para o consciente. O pai da Psicanálise apresenta o estudo do inconsciente.

A Psicanálise visa tratar as neuroses, além de buscar compreender o desenvolvimento da civilização e os produtos da cultura. Na atualidade, este modelo é visível nas clínicas de psicanálise, nas universidades e nas mídias. Os profissionais dessa área desenvolvem diferentes modos em suas práticas, porém o objetivo é aplicar o tratamento clínico, pois entende-se que é possível curar vários tipos de doenças de característica passional. No entanto, é comum encontrarmos várias correntes de pensamento, como: freudianos, lacanianos e winnicottianos, com técnicas, procedimentos e interpretações distintas e divergentes.

Embora a Psicanálise seja o estudo do inconsciente, talvez, podemos chamar de metaconsciente. Mas, a verdade é que não faltaram esforços para classificar este tipo de conhecimento como ciência. Freud e Lacan tentaram situar ela no registro de um saber científico. Nestas tentativas entenderam que são questionamentos da Psicanálise: o alcance e os limites de um tratamento fisiológico de determinados mal-estares e o lugar de privilégio do sujeito da consciência, dono das suas ações.

No desenrolar da história, Foucault questionou o desejo dos psicanalistas e dos marxistas sobre a cientificidade dos seus discursos. Para ele esta busca de se dava devido ao desejo de poder, pois, este era o seu entendimento sobre a ciência, percebidos na justificação dos discursos científicos.

Vejamos o pensamento do professor, Daniel Omar Peres, sobre Foucault, em relação ao estatuto da cientificidade, no livro de Ética na Psicanálise, UFES, 2017:
 
O estatuto de cientificidade não seria outra coisa que um modo do exercício do poder. Seria acaso isso o que se procuraria satisfazer quando se tenta indagar a cientificidade da psicanálise? Se não é, então proponho que mudemos a pauta da "cientificidade" por outra mais psicanalítica: eficácia. O problema não seria tanto satisfazer a demanda de cientificidade quanto de nos interrogarmos pela eficácia da psicanálise.

Diante dos fatos, pensemos: Será que é possível relacionar a Psicanálise com outros saberes, do ponto de vista da quantificação proposta por Heidegger?

Segundo Peres, “Heidegger mostra que o rigor de um determinado saber não se reduz à exatidão matemática do contar, mas se realiza na relação com seu objeto. Esse é o caso da diferença entre História e Matemática”. Da mesma forma, entre as ciências humanas e exatas.

Afinal, não há superioridade entre as diversas áreas de conhecimento. A Psicanálise, Filosofia, Teologia, Ciência e outros saberes, como a Mitologia e senso comum merecem respeito, pois um complementa o outro. Os diversos saberes, cada um com sua característica foram e é responsável para dar sentido a vida das pessoas. Portanto, o conhecimento não é estático, ele é dinâmico. Por isso, conclui-se que as quebras de paradigmas são importantes para a evolução do conhecimento, pois não há verdades absolutas.


Fonte:

PERES, Daniel Omar. A Ética da Psicanálise. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017
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Cinema, Filmes e Psicanálise



Autor: Ademilson Marques de Oliveira


Resumo: Pretendemos abordar neste estudo uma reflexão sobre filmes cinematográficos, voltados para o terror e fazer uma análise do ponto de vista da Psicanálise, visando identificar se filmes dessa categoria podem colaborar para o desenvolvimento de histerias. E, caso seja positivo, pretende-se apresentar meios de se prevenir e resguardar a saúde mental. Também, buscaremos discutir o comportamento da indústria cultural, a partir do pensamento de alguns filósofos que falam sobre o assunto. O método utilizado é o levantamento de dados bibliográficos e visualização de filmes. Conclui-se que o medo, de forma geral, inclusive os provocados por filmes de terror podem gerar fortes emoções e, assim, poderá gerar alguns desequilíbrios emocionais, de cunho passional.

Palavras chave: Cinema, Filmes, Psicanálise, Ciência, Saúde Mental.


Introdução
A partir da proposta deste trabalho, pensou-se em desenvolver um estudo, onde fosse discutido os papeis da industrial cultural, na visão de Theodor Adorno, sem perder o foco da visão psicanalítica, a respeito das imagens, filmes e cinemas.

Neste aspecto selecionamos os filmes: O filme escolhido para este trabalho tem como título “Geleira Sangrenta de 2018” e o “O Demônio da Rua Willow”.

Desta forma, o seguinte questão problema é proposto: Os filmes de terror pode ocasionar em algumas pessoas, doenças como histeria ou transtorno de pânico, se elas ficarem com muito medo?

Para respondermos esta problemática, dedicaremos a questões voltadas para Psicanálise, Neuroanatomia e Filosofia.

Com esta análise pretendemos encontrar possibilidades de viver com melhor qualidade de vida, visando se evitar a provocação de doenças emocionais.

Discussão do assunto
Em uma visão psicanalítica, percebe-se que a industrial cultural, termo pensado por Theodor Adorno, talvez, tenha feito de certa forma, uma imposição que determina valores e modelos de comportamentos da sociedade. Isso, aparentemente faz com que a criatividade do homem possa ser bloqueada, onde passa aceitar passivamente os fins estabelecidos pelos detentores dos veículos de comunicação, por meio de imagens e cenas cinematográficas. Esses comportamentos das redes de cinema podem causar prazer ou desprazer às pessoas, pois provocam fortes emoções, podendo acarretar traumas, dependendo da sensibilidade de cada um, o que poderá ser geradores de doenças.

O filme escolhido para este trabalho tem como título “Geleira Sangrenta de 2018”, categoria filme de terror. Ele relata que nos Alpes austríacos, um misterioso e fantasioso evento começa a ocorrer: das montanhas do local, um líquido estranho e bizarro começa a escorrer. Um grupo de cientistas é enviado para solucionar a misteriosa problemática do vazamento, que está afetando a vida selvagem do local de maneira assustadora.  Outro filme, que merece destaque é: “O Demônio da Rua Willow, que também é de terror. Ambos, em diversas situações poderão levar algumas pessoas a crise de medo e fobias, levando a pessoas a pânico. Essa situação poderá movimentar o lado passional do sujeito, na visão psicanalítica freudiana. Talvez, isso poderá levar ao desenvolvimento de histerias, como por exemplo o transtorno de pânico.

Valem ressaltar que, os ataques de pânicos são causados por transtorno de pânico, eles caracterizam-se pela ocorrência repentina, os quais, por sua vez, podem ser definidos por fortes emoções, que geram desequilíbrio emocional, causando mal-estar ou medo. Isso gera sintomas relacionados as doenças psicossomáticas, tais como: muito medo de perder o controle e de morrer, sensação de sufocamento, tremores, taquicardia e até desmaio, entre outros.

Os profissionais que tratam a saúde mental têm grandes desafios, um deles é avançar nas pesquisas pré-clínicas, no campo, talvez, da Neurociência. Ela poderá ser um caminho para ajudar a solucionar esta problemática, em razão da produção científica disponibilizada por ela.

É preciso combater o mau do medo exagerado, pois ele pode inibir a qualidade de vida das pessoas. Será como que ocorre a movimentação da rede central do medo? Segundo estudos publicados na Revista Brasileira de Psiquiatria, pelos pesquisadores: Marco André Mezzasalma; Alexandre M Valença; Fabiana L Lopes; Isabella Nascimento; Walter A Zin; Antonio E Nardi acontece assim:

"A informação sensorial passa para o estímulo condicionado, e atravessa o tálamo anterior até o núcleo lateral da amígdala, sendo, então, transferido para o núcleo central da amígdala. O núcleo central da amígdala atua como ponto central para disseminação de informações, que então coordenam as respostas autonômicas e comportamentais. Vias eferentes do núcleo central da amígdala possuem diferentes destinos: o núcleo parabraquial, produzindo aumento no ritmo respiratório; o núcleo lateral do hipotálamo, ativando o sistema nervoso simpático e causando ativação autonômica e descarga simpática; o locus ceruleus, resultando em um aumento da liberação de norepinefrina com consequente aumento na pressão arterial, frequência cardíaca e resposta comportamental ao medo; o núcleo paraventricular do hipotálamo, causando aumento na liberação de adrenocorticóides; e a substância cinzenta periaquedutal, responsável por respostas comportamentais adicionais, incluindo comportamentos de defesa e paralisia postural"". (Rev. Bras. Psiquiatr. vol.26 no. 3 São Paulo Sept. 2004).

Há relatos de pessoas que após assistirem filmes de terror, tiveram muito medo, inclusive até de desligar a televisão, perderam o sono e tiveram a sensação de insegurança. Fatos como esses são hipóteses que poderá causar algum tipo de histeria ou doenças psicossomáticas, até mesmo transtorno de pânico, por conta do desequilíbrio emocional desenvolvido.

Vale ressaltar que o ataque de pânico é originado de uma emoção forte, devido ao medo. Esse sentimento atinge o Sistema Nervoso Central, pois, na rede do medo estão algumas estruturas encefálicas responsáveis por identificar estas sensações. Pode-se citar como exemplo: o hipotálamo, a ínsula, o córtex pré-frontal, o tálamo e etc. Portanto, é importante ser seletivo nas escolhas de imagens, filmes e cinemas, visando à prevenção da saúde mental.

Considerações finais
Freud orienta sobre os sintomas das histerias, das doenças psicossomáticas, ou seja, aquelas ligadas a questões emocionais.

Diante do que ele ensina, entende-se a necessidade do equilíbrio emocional e das paixões, ou seja, do movimento passional, visando viver com uma melhor qualidade de vida, por isso, a importância de saber selecionar imagens, filmes e programas de TV de qualidade, visando evitar possibilidades de enfraquecimento da saúde mental, emocional, para que possa viver melhor.

Referencia bibliográfica:
Associação Psiquiátrica Americana. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-IV-TR. Trad. Claudia Dornelles. 4ª ed. rev. Artmed, Porto Alegre, pp. 419-431, 2002.

BOCCA, Francisco Verardi. Paixões e Psicanálise: Dimensões Modernas da Natureza Humana. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017.

PERES, Daniel Omar. A Ética da Psicanálise. Vitória-ES: UFES, Secretaria de Ensino à Distância, 2017.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia – Do Romantismo até nossos dias. Vol. 3. 8ª ed. São Paulo: Paulus, 2007.

SIKTER, Andras, FRECSKA, Ede, BRAUN, Ivan Mario et al. O papel da hiperventilação: a hipocapnia no patomecanismo do distúrbio de pânico. Rev. Bras. Psiquiatria, 2006. ISSN 1516-4446. In press 2006.

SOARES FILHO, Gastão Luiz Fonseca, VALENCA, Alexandre Martins e NARDI, Antonio Egidio. Dor torácica no transtorno de pânico: sintoma somático ou manifestação de doença arterial coronariana? Rev. psiquiatr. clín., 2007, vol.34, no.2, p.97-101. ISSN 0101-6083.






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