quinta-feira, 20 de dezembro de 2018
As Praias de Búzios
Poetizando Búzios: o parto da alma poética
Barulho do mar, que faz pensar,
Que me faz sentir as razões da vida.
Praias boas são a de: João Fernandes, Azeda e Geribá,
Também há as praias de Tartaruga, da Ferradura e a dos Ossos,
Não esqueço mais de lá.
Lugar de gente boa, entre tantas do Brasil,
É a de Búzios, Rio de Janeiro.
Entre nativos e turistas,
Que povo gentil, acolhedor e hospitaleiro!
Lá, o barulho do mar,
Me possibilitou voltar,
No ontem e lembrar,
De imagens queridas!
E a Rua das Pedras?
Que local de emoção!
Onde os turistas se encontram,
Para alegrar o coração.
Assim, descrevo Búzios:
Lugar divino, um templo santo.
Local de bela natureza e gente bonita,
É um verdadeiro encanto.
Foi lá, com o barulho do mar,
Onde pude mergulhar,
No fundo do peito,
Onde a alma se esconde.
Escrito por: Ademilson Marques de Oliveira, em 17/12/2018
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
ANÁLISE DO FILME MELHOR É IMPOSSÍVEL
AUTOR: ADEMILSON MARQUES DE OLIVEIRA
O filme, “Melhor é Impossível”, é uma obra de: James Brooks com Jack Nicholson. Nele, depara-se com o personagem Melvin, este apresenta sintomas obsessivos, tais como: fechar a porta por diversas vezes, contando todas as ações. Ele também tem outras manias, como acender e apagar as luzes na mesma proporção que tranca a porta. Fica sempre calçado e com luvas nas mãos. Ao sair de casa, só come com talheres de plásticos. Troca de sabonete várias vezes, ainda que novo, ao lavar as mãos, como se o sabonete fosse descartável. Morre de medo de ser contaminados por pessoas e coisas. Só anda com o olhar fixo ao chão, entre outros.
Diante dos fatos, percebe-se que, estamos diante de um quadro de Transtorno Obsessivo Compulsivo, portanto, Melvin, apresenta um quadro de TOC. Ocorre que, o paciente, mesmo depois de diagnosticado rejeita tomar as medicações, de acordo com as orientações do médico psiquiatra.
O TOC é um quadro de sintomas que podemos chamar de psicopatologia, sendo que, por meio de suas manifestações são passíveis de identificação na clínica. Provavelmente o próprio paciente percebe os sintomas, devidos às angústias que são acometidas.
Na medida em que o tempo passava, o Melvin desenvolvia comportamentos agressivos. Porém, certo dia, o senhor Simon Nye, vizinho de Melvin, após sofrer um assalto foi encaminhado ao hospital. Neste contexto, Melvin é solicitado a cuidar do cachorro de estimação do vizinho. Assim, nasceu um afeto entre um cachorro e o seu provedor de cuidados do animal, e esta nova situação moldou o comportamento do Melvin, o que possibilitou o surgimento de uma amizade com Carol e Simon – um sentimento capaz de finalmente fazê-los felizes.
Finalmente, Melvin, se apaixonou por Carol, e, portanto, aos poucos ele se liberta dos sintomas psicossomáticos, parando com alguns rituais. Passando a ser uma pessoa melhor, visando o amor de Carol. Enfim, ele desejava que Carol se apaixonasse por ele.
Aqui vale ressaltar as ideias de Lacan, ele fala que, o desejo se constrói no caminho da demanda. Portanto, toda demanda é demanda de amor. O afeto, desenvolvido no Melvim, no fundo é um desejo, pois ele se relaciona com vazio central no qual pode se localizar a causa do desejo. O desejo como falta representa a coisa ausente que ele visa.
Em uma linguagem mais romântica podemos inferir o poder do amor, ele pode curar as pessoas. O fato é que no filme, os sintomas de Melvin diminuíram significativamente, após se apaixonar por Carol, inclusive passou a ter mais responsabilidades, ao passo que, ele voltou a se medicar, visando ser um ser humano melhor. Ele desejava fazer a sua amada feliz. Com esta mudança de comportamentos, ele esquece um pouco de suas manias, que tinham anteriormente.
Neste sentido vale lembrar de que, o principal efeito de todas as paixões nos homens é que incitam e dispõem a sua alma a querer coisas para as quais elas lhe preparam os corpos.
Por outro lado, para Freud (1909) o significado dos comportamentos de obsessão e de compulsão se dá em decorrência do confronto de dois impulsos diferentes, com a mesma potencialidade. Mas, como podemos entender os sintomas neuróticos da obsessão?
O professor Alberto Murta (2017), sobre o tema, faz uma relação entre a clínica do obsessivo, em relação à clínica de histeria. Na clínica do obsessivo, diferente da clínica da histeria, a questão desloca-se para longe do que diz respeito ao desejo. Pelo contrário, sua questão emerge como uma questão existencial, que se formula da seguinte maneira: “estou vivo ou estou morto?” O progressivo congelamento do obsessivo pode ser explicitado na sua posição de ocupar o morto. No fundo, ele é um morto enjaulado, carregando em quaisquer deslocamentos, sua própria jaula. Em outras palavras, ele se põe como morto para justamente não querer saber nada de seu desejo. (pag. 46).
Segundo Lacan, o sujeito obsessivo apresenta muita complexidade, pois, para ele, o paciente, no mesmo tempo mostra e não mostra o seu real desejo. Dessa forma, surge um questionamento: qual é o status da vida do obsessivo? “Ora, a ilusão, a fantasia mesma que está ao alcance do obsessivo é, afinal de contas, que o Outro como tal consinta em seu desejo”. (LACAN, 1999, p. 429).
Em resumo, o filme, “Melhor é Impossível”, disponibilizou os sintomas e as características da neurose obsessiva, ou melhor, do TOC. O protagonista do filme, Melvin Udall possibilitou excelentes reflexões acerca na clínica do obsessivo, como também, a importância da afetividade, do amor, do carinho e do desejo na vida humana, visto que, percebemos a melhora na qualidade de vida de Melvin, ao fazer a experiência do afeto, ao cuidar do cachorro e posteriormente se apaixonar por Carol.
Entretanto, o filme não relatou a história da vida infantil do protagonista, talvez, seria importante, pois essa doença, talvez, tenha ligação com fatos de sua infância. Porém, os sintomas e comportamentos, são apresentados como na explicação psicanalítica, o que valoriza a análise do filme, do ponto de vista do tema amor e paixão, em filosofia e psicanálise.
Referências Bibliográficas
FREUD, Sigmund. Edição Standart Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. 24v.
MURTA, Cláudia; SANTOS, Jorge Augusto Silva; MURTA, Alberto. Amor & Paixão em Filosofia e Psicanálise. UFES. Vitória, 2017.
LACAN, Jacques. Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
FILME MELHOR É IMPOSSÍVEL. Disponível em: https://player.vimeo.com/video/24561622. Acessado em: 14/08/2018.
REFLEXÕES SOBRE O AMOR
Autor:
Ademilson Marques de Oliveira
professorfilosofoademilson@gmail.com
Afeto versus psicanálise e filosofia, segundo Tomás de Aquino
RESUMO
Neste
trabalho, são apresentadas algumas reflexões sobre o conceito de afeto, a
partir do pensamento de São Tomás de Aquino, e do ponto de vista da
psicanálise. Dessa forma, propôs uma investigação com base nos materiais de
estudo da disciplina de Amor e Paixão em Filosofia e Psicanálise, além de
consultas em site que abordam a temática, a fim de responder a seguinte
problemática: Qual a relação do afeto com a qualidade de vida das pessoas, na
prevenção de doenças emocionais? A partir dessa indagação faremos uma abordagem
de outros temas vinculados ao afeto, tais como: amor, paixão, ternura,
acolhimento etc. Concluímos com este estudo que, quem cultiva o sentimento do
afeto, se relaciona melhor consigo mesmo, com o outro, com a natureza e com o
mundo.
Palavras
chave: Afeto; Paixão; Amor; Filosofia; Psicanálise.
Reflexões/Discussões
O
ser humano é um ser de diversas complexidades, e a efetividade é um tema que
ultrapassa a constituição de todas as funções psíquicas superiores. É através
do afeto que o homem vivência sua humanidade. Talvez, por isso, vários
estudiosos, em diversas áreas do conhecimento buscaram sistematizar o conceito
de afeto. Portanto, será o que São Tomás de Aquino fala sobre esta temática? E
qual a visão da Psicanálise sobre o assunto?
Mas,
afinal, quem foi Aquino? Segundo a historiografia, na Idade Média, por volta de
aproximadamente 1244, Tomás de Aquino entrou para Ordem Dominicana. Estudou
teologia em Paris, e se consolidou como um dos mais famosos filósofos de seu
tempo. Assim, é visível que seus estudos contribuíram significativamente em
várias áreas do conhecimento. Elas são tão valiosas, que na atualidade os seus
escritos são reestudados.
Para
o professor, Jorge Augusto Silva Santos (2017), o significado de paixão no
pensamento de S. Tomás de Aquino é:
Tomás
de Aquino distingue três gêneros de potências vitais, que correspondem à
tríplice forma de vida que aparece no homem, segundo a concepção clássica
proveniente de Aristóteles, a saber: 1ª) As potências da vida vegetativa (que
dizem respeito às faculdades da nutrição, do crescimento e da geração); 2ª) As
potências da vida sensitiva (que abarcam as faculdades
cognoscitivo-sensitivas); 3ª) As potências da vida intelectiva (que pertencem
ao intelecto abstrativo, ao intelecto cognoscente e à potência intelectivo-afetiva
chamada “vontade”). Ainda garante que, “Tomás de Aquino distingue cinco gêneros
supremos de potências vitais: potências vegetativas, sensitivas, intelectivas,
apetitivas e motoras”. “Três são as potências de ordem vegetativa: a nutrição,
o crescimento e a geração. (p. 9).
Neste
sentido lembramos que na filosofia, o afeto é entendido como emoções positivas.
De certa forma, elas estão ligadas as paixões. Por outro lado, as emoções ligam-se
as pessoas, já os afetos, talvez, são as emoções que estão conectadas nas
relações interpessoais. Neste contexto, deparamos com vários adjetivos que nos
remetem ao afeto, tais como: apego, gratidão, devoção, perdão, ternura,
bondade, proteção, cobiça etc.
O
pai da psicanálise, Freud, sobre o afeto, diz que:
A
pulsão tem sua origem no corpo e sua ligação com a esfera psíquica é feita
pelos representantes pulsionais: o afeto e a representação. O afeto é, assim,
um representante pulsional, que, ao lado da representação, intermedia o acesso
da pulsão à esfera psíquica, já que a primeira tem sua fonte no corpo. Para
Freud, o afeto é uma energia, enquanto que a representação é uma ideia[1].
Neste
contexto, em uma linguagem voltada para a psicanálise, e, também, de cunho
filosófico, Santo Tomás de Aquino, apresenta o termo concupiscência, que é de
grande valia para o entendimento das questões pertinentes ao afeto. Santos (2017), cita Aquino, que fala:
O termo
concupiscência é uma expressão que vem do verbo latino concupiscere (= desejar
ardentemente), e este provém de cúpere (= apetecer). De cúpere parecem provir
os vocábulos cupido (amor ou desejo) e cupíditas (cobiça). Para ele, nos
escritos do Aquinate, concupiscentia tem três acepções principais: a) appetitus
ou desejo em sentido amplo; b) desejo de ordem sensível; c) desejo desordenado
ou pecaminoso (sobretudo tratando-se dos deleites do tato). O desejo
estritamente considerado é uma paixão concupiscível especial. Prova-se esta
assertiva mostrando que dito desejo se distingue especificamente das demais
paixões concupiscíveis (que versam sobre o bem ou sobre o mal simplesmente
considerados). 1) Distingue-se do ódio, da aversão e da dor porque essas três
paixões versam essencialmente sobre o mal, e o desejo se refere necessariamente
ao bem (ou ao que é considerado como bom). 2) Distingue-se também do amor e do
gozo porque o primeiro versa sobre o bem tanto presente como ausente, e o
segundo só se refere ao bem presente. Chegamos assim à definição essencial da
paixão do desejo: é o ato do apetite concupiscível que tende ao bem ausente, de
tal modo que o desejo é um uma paixão do apetite concupiscível que tende para o
bem ausente. O desejo é uma paixão essencialmente diversa da esperança, que
pode ser descrita como um desejo reforçado ou lucrativo (pois se refere ao bem “árduo”
ausente, e pertence ao apetite irascível) (p. 18-19).
A
partir desse pensamento, é possível fazer uma reflexão sobre afetividade sensível e as paixões
da alma. As paixões abalam tanto a alma que um pensamento livre como a vontade
tem menos condição de se manifestar diante da presença imperiosa de uma paixão.
Essa forma de pensamento que é a paixão testemunha a união íntima entre corpo e
alma.
Enquanto
paixão, o amor não é apenas a antecipação consciente do bem ao qual se deseja
estar unido, ao passo que, esta antecipação torna-se inseparável de sua
ressonância orgânica. Esta pode indicar a presença do amor onde, inicialmente
ele não se faz perceber, pois o corpo pode ser o índice da paixão que afeta a
alma.
Segundo
Cláudia Murta, o amor é uma das condições da filosofia. A grande maioria dos
filósofos aborda em suas elaborações o tema amor. O amor no fundo é desejo,
pois ele se relaciona com o vazio central, no qual pode se localizar a causa do
desejo.
Santos
(2017) relaciona a afetividade ao apetite.
Mas, o que é o apetite?
No
sentido mais geral, o termo latino appetitus (= apetite) significa o movimento
interior que conduz a satisfazer uma necessidade orgânica, um instinto. Na
linguagem corrente trata-se, antes de tudo, da necessidade de alimentação. Em
Tomás de Aquino, a noção de “apetite” é tão vasta e geral quanto à de
inclinação ou de tendência. É a inclinação, a tendência do sujeito para o que
lhe convém; portanto, para o seu bem. (p. 10).
Entretanto, para relacionar o afeto
com os temas desejo e paixão deve-se incluir nessa reflexão, a noção de corpo.
Na visão de Cláudia Murta, em videoconferência sobre o tema, ela afirma que
toda demanda acerca da afetividade são demandas de amor. Como podemos fazer
relações entre o desejo e afetos?
O desejo inclui, pois, um movimento afetivo
especial em direção ao objeto amado ainda não possuído. Nesse sentido podemos
dizer que a atividade afetiva se inicia no desejo, e termina no amor consumado.
E no mesmo sentido costuma dizer-se que o desejo é como um amor
imperfeito na mesma proporção da relação que tem o gozo para o amor
perfeito. (SANTOS, 2017, p. 23).
A falta de algo com condição do desejo marca um encontro
entre a filosofia e a psicanálise, ou melhor, a filosofia de Platão e Descartes
e a Psicanálise de Freud e de Lacan.
Neste caso, o desejo como falta representa a coisa
ausente que ele visa. Assim, a ausência o faz do desejo a estrutura de um signo
e, assim, o desejo apresenta a falta. “O desejo se refere ao bem ausente
simplesmente considerado e, por isso, pertence ao apetite concupiscível. A
esperança versa sobre o bem ausente enquanto árduo ou de difícil obtenção, e
daí que pertença ao apetite irascível” (SANTOS, 2017, p. 23).
No entanto, ao discorrer sobre o afeto, vale ressaltar o
texto de Descartes que trata as questões da alma, pois ele possibilita a
inclusão da noção do corpo no tema do amor. O amor é o elemento mais sublime
que nos permitem criar laços de afetos, de ternura, de acolhimento, de alegria.
Enfim, o afeto passa pelo acolhimento, e acolher é fazer o outro feliz, ou
seja, é a mais bela experiência de amar. Portanto, para que a vida tenha mais
leveza e mais encanto, seria relevante observar as palavras de Aquino: “Tratando-se
das ações e das paixões humanas, tem muito valor a experiência, e movem mais os
exemplos que as doutrinas” (Suma de Teologia ia -iiae,34,1). Neste contexto,
nota-se a supremacia da prática, da experiência, em detrimento da teoria, ou
seja, das doutrinas. Assim, ao falar sobre o conhecimento afetivo em Tomás de
Aquino, Arthur Heller Britto, cita que:
O amor em si mesmo consiste nessa união ou vínculo.
Por isso, Agostinho diz que o amor é quase “um laço que une ou tende a unir
duas coisas, o amante e o amado”, referindo-se o une à união do afeto, sem a
qual não há amor; e tende a unir, à união real[2].
Considerações Finais
Em
resumo, diante das reflexões/Discussões, percebe-se a importância da filosofia
e da psicanálise, como mecanismo de orientação voltado para o exercício do
cultivo do afeto, como um meio de busca de equilíbrio emocional, visando criar
obstáculos para o desenvolvimento de sintomas ligados as doenças emocionais.
Por
outro lado, a partir das reflexões, percebemos a importância do afeto do
desenvolvimento do ser humano, portanto, notamos sua importância em relação à
cognição. Assim, infere-se que, as pessoas que se sentem amadas, onde há
promoção de afetividade, elas tendem a se desenvolverem autoconceitos positivos.
Aqui entendemos a afetividade, enquanto interatividade, que é um dos aspectos
responsáveis pelo processo de aprendizagem e possui cunho afetivo-cognitivo.
Portanto,
para a filosofia na visão de Aquino, como do ponto de vista da psicanálise,
quem cultiva o sentimento do afeto, se relaciona melhor consigo mesmo, com o
outro, com a natureza e com o mundo. Dessa forma, vive melhor, e é mais feliz!
Referências Bibliográficas
FREUD,
Sigmund. Edição Standart Brasileira das
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
24v.
LACAN,
Jacques. Outros Escritos. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
MURTA, Cláudia; SANTOS, Jorge Augusto Silva;
MURTA, Alberto. Amor & Paixão em Filosofia e Psicanálise. UFES. Vitória, 2017.
,
[1] Informações retiradas da internet.
Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/20706/20706_4.PDF. Acessado em: 14/08/2018.
[2] Informações retiradas da internet. Disponívell
em: file:///C:/Users/VIP/Downloads/40-129-1-PB%20(1).pdf. Acessado em: 14/08/2018.
domingo, 22 de julho de 2018
Análise do filme: “Além da Alma”, em Freud
Autor: Ademilson Marques de Oliveira
Ao analisarmos o filme, “Além da Alma”, percebe-se a demonstração de como o desejo estérico se apresenta. Portanto, para refletirmos, partiremos das seguintes indagações: Que relações podemos fazer referente à falta na condição do desejo e desejo estérico, com o filme? E será que há relação entre desejo e inconciente?
“O desejo se constitui na falta. Nós desejamos porque nos falta alguma coisa que ignoramos”.
Sabemos que diante de toda proposta de quebra de paradigmas, é possivél que ocorra fortes estranhezas. Talvez, Freud tenha passado por esta experiência no início de sua carreira, conforme apresentação no filme. Nele, é visivél as descobertas acadêmicas do Pai da Psicanálise, através de suas experiências como Psicanalista. Neste contexto, que ele dá luz a teoria do Complexo de Édipo.
O filme é iniciado com o internamento de um sujeito com histeria. Vale ressaltar que, histeria é uma doença emocional psíquica. Na execução desse procedimento, ele não obteve a concordância de seus colegas de profissão.
Entretanto, Freud, em parceria com Breuer, dedicou-se a estudar o fenômeno psíquico da histeria. Dessa forma, entendeu que este tipo de doença, era consequência de lembranças reprimidas.
Segundo Lacan, “o que caracteriza a histeria é o fato de sustentar o seu desejo como insatisfeito, mas também o desejo de exibir esta insatisfação”.
Para Cláudia Murta, “o sujeito do desejo histérico demanda a satisfação para melhor reconduzir o seu desejo graça ao apoio de sua insatisfação assim renovada”.
No filme há uma parte que fala sobre o Método Catártico, neste momento um paciente é levado à hipnose, em decorrência de algo reprimido devido à repressão de ideias. Isto, para a Psicanálise é um trauma que a priori estava a nível conciente, porém, a posteriori se desloca para o inconsciente, e assim, causa sintomas nas pessoas.
Para Freud, os sintomas de histerias são originados na sexualidade; Brauer concorda com ele. Portanto, agora no centro da vida psíquica está a sexualidade.
Em resumo, certamente, Freud contribuiu significativamente para Era Moderna, ao tratar o inconsciente, do ponto de vista científico. Foram revolucionários os conceitos de repressão, inconscientes, desejos e os atos falhos que se manifestam nos lapsos e nos sonhos.
O filme termina com a sugestão milenar, na busca do equilíbrio emocional, que é: conheça a si próprio. Portanto, a arte do bem viver, é uma boa relação consigo mesmo, com o outro, com a natureza e com o mundo.
Análise do filme "Esse obscuro objeto do desejo", na visão psicanalítica
Autor: Ademilson Marques de Oliveira
Ao viajarmos no universo das reflexões, analisando o filme: “Esse obscuro objeto do desejo”, levantam-se alguns questionamentos, visando perceber como a arte se relaciona na sistematização do pensamento, por meio das seguintes indagações. O desejo é desejo nada? O desejo não encontra jamais uma satisfação na consumação do objeto? Qual o sentido do desejo com “paixão da perda”? Desejar é querer se perder com ser humano?
Não há dúvidas de que, Buñuel nos presenteou com um belo filme, onde é proposto um envolvimento com um movimento surrealista. Neste contexto, percebe-se o surgimento de uma forma nova de perceber o mundo, através dos artistas da época. Era um grupo de profissionais que transcendia a arte, que utilizavam a liberdade de expressão, se mergulhando no planeta dos sonhos, sem se preocupar com uso da razão e da lógica.
Em uma linguagem psicanalítica, para Freud, os sonhos são manifestações dos desejos reprimidos, que se encontram no inconsciente, de igual forma, os atos falhos, os lapsos, etc. Mas será como que este desejo se realiza? Talvez, nos sonhos somos surpreendidos por eles, que sem pedir licença, se satisfaz à custa do próprio eu.
No filme depara-se com os personagens Mathieu e Conchita. O primeiro é um homem, burguês, de meia idade e solitário; O segundo é uma jovem, virgem, meiga, insolente, de apenas 18 anos. O homem apaixona desesperadamente pela donzela. Assim, entendemos que há uma excelente retratação do desejo, mas que tipo de desejo será este? Aparentemente, parece ser o desejo de ato sexual pelo Mathieu, em decorrência da brincadeira com o jogo erótico, de pura sedução. Entretanto, Conchita não disponibiliza na totalidade o objeto desejado, apenas parte de seu corpo para que ele goze. Dessa forma, talvez, há uma tentativa de sustentação do desejo e do amor, em detrimento de ser somente um objeto de gozo.
Na visão de Freud e Lacan, o desejo tem característica de um pesar. Ele não encontra jamais uma satisfação possível na consumação do objeto. Portanto, o desejo é sempre desejo de algo, ou seja, aquilo que falta.
Assim sendo, ao possuir o objeto desejado, é possível que esta busca seja cessada, pois o desejo só perdura por não atingir seu alvo.
Talvez, por isso, a personagem Conchita, no filme, não quis atender a demanda de Mathieu, tendo em vista o objetivo de nutrir um sentimento de amor.
Neste caso, o amor é um tesouro, onde o desejo é condição para tal. Em resumo, desejar é se encontrar como ser humano!
Porém, para Thana Mara de Souza e Cláudia Murta, “a paixão do desejo enquanto desejo de ser leva a um se perder, um efeito de aniquilação subjetiva”.
DESEJO NA VISÃO DE SARTRE E LACAN
Autor: Ademilson Marques de Oliveira
RESUMO
Com base nos teóricos, Sartre e Lacan pretende-se apresentar uma reflexão sobre o desejo, fazendo uma relação com os pressupostos filosófico e psicanalítico. Assim, o tema do nosso trabalho é, “O desejo em Sartre e em Lacan.” O nosso objetivo principal é provocar desejos nos leitores de pensar sobre os seguintes questionamentos: O desejo, é desejo do nada? O desejo não encontra jamais uma satisfação na consumação do objeto? Qual o sentido do desejo com “paixão da perda”? Desejar é querer se perder como ser humano? O método utilizado é o levantamento bibliográfico. Após a leitura foi feito fichamento, e posteriormente o texto foi construído. Conclui-se com este estudo que o desejo é o que nos movem, em busca do prazer, ou seja, do gozo.
Palavras chaves: Desejo; Lacan; Sartre; Filosofia; Psicanálise.
Discussão e Reflexão:
Tratar o tema, “desejo”, não é tarefa fácil, mas é desafiadora e instigante. Será quais são os ensinamentos de Sartre e Lacan sobre este assunto, em relação à Filosofia e Psicanálise?
Para Sartre, não há nada pré definido de como deve ser a vida do homem, não há um livro pronto, mas em constante construção. Então, será o que o move o homem ao escrever seu livro? Talvez, seja a busca do prazer da realização dos desejos.
Para Sartre, nada pode esmagar o homem, nada lhe vem de fora, ou de dentro, que deva simplesmente aceitar ou receber. O homem não tem uma natureza que deva necessariamente seguir. O homem não é um ser, mas um fazer e a sua única condenação é a de ter de se fazer até os seus últimos detalhes. Sartre explica que entendemos por existencialismo uma doutrina que torna a vida humana possível e que toda a verdade e ação implicam um meio e uma subjetividade humana.
Vale ressaltar que, nesta reflexão, vale uma indagação, visando sistematizar o pensamento. Como que Sartre compreende o desejo, segundo Cláudia Murta e Thana Mara de Souza? Na obra: “O desejo nos pensamentos de Sartre e Lacan” (2017), elas dizem que,
Como uma estrutura do ser Para-si, é ser estruturalmente falta. Se não existe essência, se nós somos aquilo que fazemos de nós mesmos, o que sempre buscamos é a nós, é nossa unidade, nossa completude e totalidade, o que só seria atingível com nossa morte, quando deixamos de ser existência. Assim, o desejo é inevitável e sempre insatisfeito.
Uma das consequências da aceitação do existencialismo é a liberdade extrema do homem: "tudo é permitido". Retomando a proposição de Dostoievski, ("Se Deus não existisse tudo seria permitido") Sartre, no discurso “O Existencialismo é um Humanismo”, retoma a questão central do existencialismo: Deus não existe, logo "o homem está condenado a ser livre" (Sartre, 1970, pag 7).
A consciência é um constante transcender-se, um constante ir além de si mesmo, esta é a principal contribuição de conceito que a fenomenologia faz ao existencialismo sartreano. Este constante transcender-se é que é definido como sujeito e a realidade humana.: nós somos aquilo que projetamos a ser. Pode-se perguntar quem projeta? Quem deseja ser? A consciência não é uma coisa, é puro movimento e neste movimento que se articula a liberdade. O conceito de liberdade é o mais caro ao existencialismo sartreano. Este constante transcender-se, este constante projetar-se, este constante inventar-se é a liberdade. A liberdade não é um atributo do sujeito, que não pode ter ou deixar de ter a liberdade, o sujeito é a liberdade e não pode deixar de sê-lo. Ele é livre para qualquer opção, menos para não optar. Daí a célebre frase de Sartre: “O homem está condenado a ser livre”.
O homem está sempre num universo humano e por isso nunca é fechado em si mesmo. Ele cria a própria moral, pois não há moral pronta a ser seguida. Ele é o legislador (cria a imagem de homem como julga que deve ser). Escolhendo, o homem afirma o valor que escolheu. Isso envolve toda humanidade, ele escolhe a si e toda humanidade. Sua responsabilidade é grande.
A respeito da responsabilidade em Sartre é importante lembrar que o homem é livre, porém esta liberdade trás consigo a responsabilidade, e a responsabilidade a angústia, pois a escolha que o homem faz, é plenamente livre, mas ao escolher para mim, também escolho para o mundo, e, não sou o responsável por minha existência, mas sou responsável por minha constituição, e que por mais que eu me constitua, necessito do outro para compreender o que sou como também sou responsável pela identificação que outro terá através de mim.
Por outro lado, Lacan, garante que o desejo tem característica de um pesar. Ele não encontra jamais uma satisfação possível na consumação do objeto. Portanto, o desejo é sempre desejo de algo, ou seja, aquilo que falta.
Assim sendo, ao possuir o objeto desejado, é possível que esta busca seja cessada, pois o desejo só perdura por não atingir seu alvo.
Lacan importa de Sartre o traço que se aproxima a estrutura do desejo a uma paixão de perda. O próprio Lacan lança a ideia do sujeito do inconsciente.
A diferença do estatuto que dá ao sujeito a dimensão descoberta pelo inconsciente freudiano se prende ao desejo que tem que ser situado no nível do cogito. Tudo que anima, o de que fala toda enunciação, é desejo. (LACAN, 2008 [1968], p.140).
O desejo é desejo nada? O desejo não encontra jamais uma satisfação na consumação do objeto? Qual o sentido do desejo com “paixão da perda”? Desejar é querer se perder com ser humano?
Imaginamos que o desejo se dá em relação aquilo que não se tem, ou seja, aquilo que falta. Talvez, ao possuir o objeto desejado, é possível que esta busca seja cessada, pois o desejo só perdura por não atingir seu alvo. Em resumo, desejar é se encontrar como ser humano!
Porém, para Cláudia Murta e Thana Mara de Souza (2017), “a paixão do desejo enquanto desejo de ser leva a um se perder, um efeito de aniquilação subjetiva”.
Entretanto, o desejo é o que nos movem, em busca do prazer, ou seja, do gozo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LACAN, Jacques. O Seminário: livro 20: Mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985.
MURTA, Cláudia; SOUZA, Thana Mara de. O desejo nos pensamentos de Sartre e Lacan. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo - UFES, Secretaria de Ensino a Distância, 2017. Disponível no ambiente virtual de aprendizagem – Plataforma Moodle. Acesso em 28/06/2018.
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. Trad. GUEDES, Rita Correia. Paris: Les Éditions, 1970.
terça-feira, 24 de abril de 2018
A função do pai em psicanálise e suas relações com a cultura, baseado na obra de Totem e Tabu, segundo Freud
Autor:
Ademilson Marques de Oliveira
A função do pai em psicanálise e suas
relações com a cultura, baseado na obra Totem e Tabu, segundo Freud
Resumo:
Abordaremos neste
texto uma reflexão sobre a obra Totem e Tabu de Freud. Assim, pretendemos
explicar como o Pai da Psicanálise concebeu o pai e suas funções sociais, na
visão psicanalítica, e buscaremos relacionar a função do pai e suas relações
com a cultura. Para realização deste trabalho foi feito fichamento da obra em
estudo e posteriormente o texto foi construído. Esta pesquisa é relevante para
todos que buscam conhecimento em Psicanálise, na visão freudiana. Concluiu-se
com este trabalho que os recalques, os sentimentos de culpa e as repressões
podem desenvolver sintomas passionais, que poderá gerar neuroses e doenças
emocionais. Portanto, o ponto chave da arte do viver bem é amar. Quem ama
relaciona melhor consigo mesmo, com outro, com a natureza e com o mundo.
Palavras Chaves: Psicanálise;
Freud; Totem e Tabu; Cultura.
Introdução:
É
sempre bastante instigante caminhar na busca do conhecimento. Portanto, quando
navegamos no universo do desejo inconsciente não é diferente. Sócrates defendia
o amor pelo saber, aqui o nosso desejo é demonstrar amor pela Psicanálise.
Desta
forma, para este trabalho, nossa proposta é fazer uma relação da função do Pai
em Psicanálise e suas relações com a cultura, segundo Freud, referente à obra
“Totem e Tabu”.
Assim,
para nossa pesquisa formula-se a seguinte questão problema: Como podemos
relacionar a cultura com a função do Pai, na visão freudiana?
A
metodologia utilizada é a referência bibliográfica, com base nas referencias
citadas no trabalho. Ressaltamos que fizemos fichamentos das obras, e,
posteriormente produzimos o texto.
Este
trabalho é de relevância para todos que buscam conhecimentos da obra Totem e
Tabu, de Freud, em relação à função do Pai, e suas relações
com a cultura.
Discussão/Reflexão/Relação:
No
texto Totem e Tabu de Freud fica clara a função primeira do pai. Esta
atribuição é a de autoridade, aquele que impõe limites, ou seja, o que
estabelece as regras. Por esta via podemos entender o Pai, na Psicanálise, como
representante simbólico da autoridade. Esta obra já tem aproximadamente um século de
publicação, conforme informações encontradas:
Totem e Tabu foi traduzido em diversas línguas além
do inglês, durante a vida de Freud: em húngaro (1919), espanhol (1923),
português (s/data), francês (1924), japonês (duas vezes, 1930 e 1934) e
hebraico (1939). http://conexoesclinicas.com.br/wp-content/uploads/2015/01/freud-sigmund-obras-completas-imago-vol-13-1913-1914.pdf
Diante desta análise indaga-se: qual a diferença em
Tabu e Totem? Como a função do Pai, no ponto de vista da psicanálise, se
relaciona com a cultura? Freud diz que:
A análise dos tabus é apresentada
como um esforço seguro e exaustivo para a solução do problema. A investigação
sobre o totemismo não faz mais que declarar que ‘isso é o que a psicanálise
pode, no momento, oferecer para a elucidação do problema do totem’. ‘Tabu’ é um termo
polinésio. O significado de ‘tabu’, como
vemos, diverge em dois sentidos contrários. Para nós significa, por um lado,
‘sagrado’, ‘consagrado’, e, por outro, ‘misterioso’, ‘perigoso’, ‘proibido’,
‘impuro’. http://conexoesclinicas.com.br/wp-content/uploads/2015/01/freud-sigmund-obras-completas-imago-vol-13-1913-1914.pdf
Na mesma obra, Freud explica os Totens desse modo:
Os totens são, pelo menos, de três espécies: (1) o
totem do clã, comum a todo um clã, passando por herança de geração a geração:
(2) o totem do sexo, comum seja a todos os homens ou a todas as mulheres de uma
tribo, com exclusão, em cada caso, do sexo oposto: (3) o totem individual,
pertencente a um indivíduo isolado, sem passar aos seus descendentes. Os dois
últimos tipos de totem não se comparam, em significação, ao totem do clã. A
menos que estejamos inteiramente enganados, constituem desenvolvimentos
posteriores e são de pouca importância para a natureza essencial do totem. O
totem do clã é reverenciado por uma corporação de homens e mulheres que se
chamam a si próprios pelo nome do totem, acreditam possuírem um só sangue,
descendentes que são de um ancestral comum, e estão ligados por obrigações
mútuas e comuns e por uma fé comum no totem. O totemismo, assim, constitui
tanto uma religião como um sistema social. Em seu aspecto religioso, consiste
nas relações de respeito e proteção mútua entre um homem e o seu totem. http://conexoesclinicas.com.br/wp
content/uploads/2015/01/freud-sigmund-obras-completas-imago-vol-13-1913-1914.pdf
A partir da obra Totem e Tabu, um dos textos
fundamentais de Freud, é possível que façamos reflexões como
conceitos de vida e morte, culpa e gozo. Ele nos oferece uma versão
psicanalítica da noção do Pai da horda primeva e da consequente constituição
social.
Por
outro lado, percebe-se que estão presentes na cultura através de práticas como
a interdição do incesto e a religião totêmica. O articulador desses conceitos é
o Pai.
No
texto Totem e Tabu, a função do Pai é de impor limites. Portanto, o Pai,
na psicanálise, representa o papel simbólico de autoridade.
Dessa
forma, para pensar o pai em psicanálise, deve-se considerar a ideia do pai
primitivo. Ele foi assassinado pelos filhos, e partir desse evento surgiu à
instauração de uma ordem simbólica. Essa ordem se dá devido à ação dos filhos
de matar o pai, e por consequência gerou-se um sentimento de culpa. O
arrependimento de terem cometido o crime é que propiciou a obediência ao
interdito da proibição do incesto, e que nos possibilita pensar na edificação
dessa simbologia: pai, fundamento da função paterna. A
paternidade para a psicanálise tem um papel primordial na estruturação do
sujeito. É o legítimo representante da Lei. Inclusive é o que tem a
atribuição de ser convocador do desejo do sujeito a ser formado.
A função paterna é importante na
medida em que o representante do pai castra o filho, inaugurando neste a
presença da falta, palco para sua constituição como sujeito desejante.
Já em relação à
evolução do Pai, Freud entende que nada mais é do ponto de vista psicanalítico,
do que um acordo com a civilização. Assim, ele entende que o pai primordial é
um animal, é o chefe da horda transfigurado num mito animal, apresentado em
totens nas culturas primitivas.
Segundo
Freud, “quando tornou-se um mero símbolo, a ira paterna seria também
simbolizada e continuada mesmo após a sua origem ter sido esquecida”.
Para Freud, a
Psicanálise é um método de tratamento para perturbações ou distúrbios nervosos
ou psíquicos, (provenientes da psique). O método psicanalítico dele consistia
em estabelecer relações entre tudo aquilo que o paciente manifestava, desde
conversas, comentários, até os mais diversos sinais revelados pelo
inconsciente. Ele desenvolveu técnicas como associação livre, interpretação dos
sonhos, além de pregar a existência de um inconsciente.
É importante ressaltar a presença da mitologia na obra de
Freud. A Professora SPARANO, Maria Cristina de Távora (2017), fala o seguinte sobre mitos:
“O mito é um relato de tempos ou fatos
que a história não nos permite conhecer de outra forma; trata-se de épocas
muito antigas e a autenticidade do relato não é posta em dúvida pela sociedade
mais primitiva. Ao contrário, o mito tem valor sagrado: sua função é explicar o
mundo”.
Segundo Sparano, Freud, baseando na sexualidade, fala
que: “a Psicanálise liga-se a vida e às funções orgânicas, rejeitadas naquele
momento pelo desconhecimento, do recalque e pelo desdém ao pulsional”.
Neste contexto é destacado que a sexualidade, objeto da
Psicanálise, é a sexualidade infantil, cujas propriedades estão presentes na
concepção biológica, mas não se reduzem a ela, salientando ainda que, assim
como não podemos psicologizar a biologia, também não devemos biologizar a
Psicanálise.
Para Freud, a
Psicanálise é um método de tratamento para perturbações ou distúrbios nervosos
ou psíquicos, (provenientes da psique). O método psicanalítico dele consistia
em estabelecer relações entre tudo àquilo que o paciente manifestava, desde
conversas, comentários, até os mais diversos sinais revelados pelo
inconsciente. Ele desenvolveu técnicas como associação livre, interpretação dos
sonhos, além de pregar a existência de um inconsciente.
Considerações
Finais:
Ao estudarmos a Epistemologia da
Psicanálise, que é a mesma coisa que Teoria Psicanalítica, depara-se com
universo de complexidade. São diversas teorias que requer bastante atenção,
perseverança para entendimento, uma delas é questão do Pai, na visão Freud,
apresentado nesta pesquisa.
Vale lembrar que, a epistemologia
trabalha com conceitos fundamentais, no caso da Psicanálise é o inconsciente.
Uma das formas de manifestação do inconsciente são os sonhos. Portanto, o
sujeito da Psicanálise é o sujeito do inconsciente. Já o objeto, talvez, seja
uma relação de objetos que poderá se manifestar por meio do inconsciente, como
ocorre nos casos das neuroses e nos atos falhos.
Para refletir sobre estas
questões, é importante pensar a cultura que Freud estava inserido. Ele era
judeu, e esta população, principalmente naquela época tinha um forte
referencial, pertinente ao modelo patriarcal.
Visando ilustrar esta ideia,
diversos povos entendem que Deus é o Pai que está no céu, ou seja, aquele que
tudo ver, que pode condenar ou salvar. Ele o criador de todas as coisas, é o Pai
Primeiro, a causa incausada, o motor imóvel. Este Pai é puro amor, mas também é
justiça. Desse modo, nasce à ideia de obediência, e, para quem não obedece, que
peca, sofre as consequências. É punido. Essa punição, inclusive poderá gerar
sentimento de culpa, se o sujeito desenvolver desejos proibidos. Vale lembrar
que este pensamento poderá ocasionar doenças psicossomáticas.
A repressão, porém, é um modo
frágil de lidar com impulsos indesejáveis, pois eles voltarão de alguma
maneira, sob a forma de neuroses. É por isso que, embora a religião tenha sido
fundamental na infância da humanidade, ao reprimir instintos antissociais, aos
poucos esse instrumento vai se mostrando ineficaz e gerando outros problemas.
Para Freud, o
amadurecimento da espécie humana exige um gradual abandono da religião e a
substituição por um modo mais adulto de lidar com instintos destrutivos: a
razão, à qual a religião se opõe claramente. Ao instituir um Pai transcendente
que castiga quem transgride os tabus, a religião garantiu o mínimo de paz e
convivência necessárias à produção do conforto e segurança que a civilização
oferece.
Freud dizia que Deus era
fruto do nosso sentimento de culpa por termos matado um pai primordial.
Será qual contexto que o levou a sistematizar seu pensamento por este ângulo? A
religião seria fruto de um parricídio, do homem tentando expiar a culpa criando
um Deus para cultuar.
Portanto, o Pai, para Freud é
apresentado pela via do mito, o que lembra a cultura primitiva.
Neste contexto vale algumas reflexões:
Qual o referencial ideal para função paterna, caso exista? Todos os pais são
bons referenciais para os filhos? Deus é um Pai ideal, independente da forma
idealizada pelo homem, de imaginar Ele?
Referencias
bibliográficas:
FREUD, S. Totem e Tabu. Tradução Orizon Carneiro Muniz.
Rio de Janeiro: Imago, 1974b. (Edição Standard Brasileira das Obras
Psicológicas completas de Sigmund Freud, v. XIII).
SPARANO,
Maria Cristina de Távora. Epistemologia
da Psicanálise. Vitória, ES: UFES, 2017.
http://conexoesclinicas.com.br/wp-content/uploads/2015/01/freud-sigmund-obras-completas-imago-vol-13-1913-1914.pdf. Acessado em: 18/04/2018.
http://www.especializacao.aperfeicoamento.ufes.br. Acessado em: 18/04/2018.
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